Democracia e direitos

Centrais abrem 1º de Maio no Anhangabaú e celebram ‘retomada’ do diálogo

Centrais sindicais fazem atos por melhores condições de trabalho. Em São Paulo, ações reúnem oito organizações

Fernando Frazão/Abr
Fernando Frazão/Abr

São Paulo – O 1º de Maio no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, foi aberto precisamente às 10h18, pelo presidente da CUT-SP, Douglas Izzo. Segundo os representantes das centrais sindicais (oito organizam o evento), é um ato de retomada, depois de seis anos praticamente excluídas de contatos com autoridades. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou presença na mobilização dos trabalhadores na capital paulista. Sindicalistas falam em governo de “disputa”, no contexto de uma frente ampla. Ainda pela manhã, o evento recebeu a primeira atração musical, o cantor e compositor Zé Geraldo.

“Nós vamos disputar esse governo todos os dias”, afirmou o presidente da CSB, Antonio Neto. Além das forças políticas que compõem o governo, há, segundo ele, grupos interessados em um “terceiro turno” no Congresso.

No 1º de Maio, atos discutem direitos, democracia e legado da CLT, 80 anos

Neto acrescenta ainda o papel da mídia tradicional do país, sempre se colocando na defesa dos setores patronais. Os meios de comunicação tratam do “custo” com salário mínimo, por exemplo, mas “não falam que bilhões vão para o rentismo”. Por outro lado, o reajuste do piso nacional, afirmou, faz o trabalhador “‘investir’ em comida, remédio, transporte”.

O presidente da CTB, Adilson Araújo, conta que as centrais chegaram a ser excluídas do cadastro de acesso aos órgãos governamentais, em Brasília. Agora, já foram recebidas duas vezes pelo presidente Lula, além de manter reuniões constantes com os ministérios. “A premissa principal é a retomada do diálogo. Cabe ao movimento sindical fazer a sua parte.”

Ou seja, pressionar. “O presidente foi enfático ao dizer: vocês precisam pressionar o governo.” Segundo Adilson, Lula também afirmou que “tem pressa” de implementar medidas e políticas sociais.

Se a política de valorização do salário mínimo e a elevação da faixa de isenção da tabela do Imposto de Renda indicam melhor perspectiva, por outro a taxa de juros é vista como o maior empecilho para a retomada da economia. Por essa razão, os discursos devem concentrar críticas no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

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