Funcionalismo

Aumento de Doria para Saúde e Segurança não repõe inflação nem perdas com previdência

Profissionais da Saúde relatam perda de 24,25% nos últimos cinco anos, além da retirada de direitos. Apeoesp também criticou reajuste pela metade aos professores e demais servidores

GOVSP
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"Superávit" anunciado por Doria para pagar aumentos foi obtido às custas da retirada de direitos dos próprios servidores

São Paulo – O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (10) aumento de 20% nos salários de agentes de segurança e profissionais da saúde, da ativa e aposentados. Demais servidores estaduais terão reajuste de 10% na remuneração. A proposta deve valer a partir de 1º de março, mas ainda depende da aprovação da Assembleia Legislativa.

A primeira categoria inclui servidores da Polícia Civil, Polícia Militar (e Bombeiros), Polícia Científica, além dos agentes penitenciários. Na segunda estão médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e demais profissionais contratados diretamente pelo estado.

De acordo com o governo de São Paulo, serão incorporados cerca de R$ 5,6 bilhões de reais por ano na folha de pagamento de São Paulo, se os ajustes forem aprovados.

Insuficiência

O Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde de São Paulo (Sindsaúde-SP) destaca que os aumentos anunciados por Doria são frutos da luta da categoria. Desde setembro, a direção do sindicato esteve negociando com o secretário estadua de Saúde, Jean Gorinchteyn. Contudo, alegam que o percentual anunciado com alarde pelo governador não repõe as perdas salariais de 24,45% nos últimos anos. O último reajuste, de 3,5%, foi em 2018. Além disso, alegam ser insuficiente para restituir outros direitos que foram cortados.

“Com a reforma da previdência (do funcionalismo paulista), houve aumento de 11% para 14% na contribuição dos trabalhadores. Com a reforma administrativa (Lei 1.361, de 21 de outubro de 2021), houve congelamento do reajuste do adicional de insalubridade. Também ocorreu alta de 3% na alíquota do IAMSPE (assistência médica), incluindo dependentes. Congelaram a progressão e a promoção, além da contagem de tempo para efeitos de licença-prêmio, quinquênio e sexta-parte”, diz a nota do SindSaúde. 

Com isso, o sindicado demonstra que os trabalhadores da Saúde pública de São Paulo estão “pagando o próprio reajuste”. Além disso, classifica como “barbárie” o aumento pela metade anunciado por Doria aos funcionários administrativos. Por fim, também denuncia que apenas os servidores que se aposentaram com paridade terão o reajuste de 20%.

Desigualdade

A disparidade nos reajustes foi alvo de críticas de outras categorias. A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), deputada Maria Izabel Noronha, a Bebel (PT), por exemplo, denunciou a desvalorização dos demais profissionais.

“Jamais iremos nos opor ao reajuste de servidores públicos que cuidam de direitos de enorme importância, como Saúde e Segurança Pública. No entanto, fica a pergunta: o trabalho dos profissionais da Educação – professores e funcionários – vale menos?”, questionou Bebel no portal Uol.

Em nota, o governo Doria rebateu, afirmando que os profissionais de educação tiveram acréscimos aos salários de até 73% há pouco mais de um mês. Bebel reagiu novamente, apontando que piso salarial não deve ser pago com “abonos e gratificações e sim com reajuste”.