CPI dos incêndios em favelas de SP tem reunião cancelada e volta à estaca zero
Com três novos vereadores na comissão, trabalhos já iniciados ficam congelados; próximos passos devem ser definidos no encontro da semana que vem
Publicado 14/11/2012 - 17h20
Desde abril, apenas quatro reuniões foram realizadas; as demais não atingiram presença mínima de quatro vereadores (Foto: Rahel Patrasso/Folhapress)
São Paulo – Quem tentou participar da reunião da CPI dos Incêndios em Favelas hoje (14), na Câmara Municipal de São Paulo, encontrou um cenário diferente do que os rápidos e esvaziados encontros costumeiros, desde a sua instalação, em abril. Desta vez foi pior. A sala estava vazia e a luz, apagada. A reunião que decidiria se a comissão vai manter as atividades foi cancelada, assim como as próximas convocações e vistorias marcadas. A CPI tem o papel de investigar as possíveis causas dos cerca de 600 incêndios registrados na cidade desde 2008.
A reportagem foi à Secretaria das CPIs para questionar o ocorrido, pois na tarde de ontem a reunião havia sido confirmada. “Estava, mas por volta das 16 horas o vereador Ricardo Teixeira [PV, presidente da CPI] pediu que desmarcássemos”, afirmou um funcionário da secretaria que não quis se identificar.
Procurado, o vereador disse que como a Câmara não teve nenhum trabalho nesta semana, a Casa estava esvaziada. “Então resolvi cancelar para não ter outra reunião sem quórum, e deixamos para a semana que vem [dia 21]. Assim evitamos esse desgaste”, disse Teixeira.
Pelo mesmo motivo, Teixeira cancelou também duas vistorias dos vereadores marcadas para a última segunda-feira (12) – uma na favela Alba e outra em um conjunto habitacional em construção para os moradores da favela da Corruíra, ambas na região do Jabaquara, zona sul da cidade.
As vistorias não foram remarcadas, e a medida depende dos três novos vereadores que farão parte da CPI nos últimos dias de atividade. Eliseu Gabriel (PSB), Floriano Pesaro (PSDB) e Chico Macena (PT) substituirão Aníbal de Freitas (PSDB), Souza Santos (PSD) e Jamil Murad (PCdoB). As investigações terminam em 31 de dezembro, com o fim da atual legislatura.
“Vou esperar chegarem membros novos para voltar a tocar as decisões. Agora acredito que não vamos mais ter problemas [para alcançar a presença mínima de quatro vereadores para a realização da reunião, o que só ocorreu quatro vezes desde que a CPI foi criada]”, disse Teixeira.
Também foram canceladas as convocações para depoimentos que já estavam agendadas para esta quarta-feira, sendo uma com a secretária-adjunta de Habitação, Elisabete França, e outra com o comandante do Corpo de Bombeiros de São Paulo, coronel Reginaldo Campos Repulho. Assim, os poucos trabalhos já iniciados pararam e a comissão voltou à estaca zero.
A pauta da reunião, que decidiria a continuidade da CPI, também foi derrubada, de acordo com Teixeira, devido à chegada dos novos participantes. “Na semana que vem vamos avaliar a documentação que já chegou com os novos membros para ver o que fazer a partir daí.”
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