São Paulo – O ano de 2023 começou com os olhos voltados à inteligência artificial (AI). Empresas de tecnologia de todo o mundo correm para dominar o mecanismo mais avançado. Em destaque, está a empresa OpenAI, responsável pelo ChatGPT. Nesta terça-feira (14), a big tech liberou nova versão do software, o GPT-4. Com a atualização, o aplicativo poderá oferecer conteúdos com imagens e áudios, além do texto. Na prática, funciona como uma “pessoa”, com acesso virtual a todo o conhecimento disponível nas nuvens, e com a qual o usuário pode estabelecer um “diálogo”.

Essa é apenas uma face das tecnologias de IA. Incontáveis sites e aplicativos já trabalham com o aprendizado de máquina para as mais diferentes finalidades. É possível, por exemplo, pedir para a máquina criar imagens de todos os tipos, até mesmo imitando traços e características de pintores consagrados. Contudo, o ChatGPT ganhou destaque por debruçar sobre o conhecimento acumulado pelo Homem em milênios e disponível on-line. Não que a plataforma tenha autonomia, humor ou outras características humanas. Ainda.

Inteligência artificial na “ficção”

A arte ajuda a refletir sobre as possibilidades da inteligência artificial. Não faltam livros e filmes sobre o tema e seus impactos, positivos e negativos. Obras clássicas como as do mestre da ficção científica Isaac Asimov, que tratou do tema em obras como a trilogia da Fundação, ou mesmo no célebre Eu Robô. Isso tudo na década de 1950. Nas telas, a obra-prima 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrik, de 1968, é referência obrigatória.

Ali vemos uma profunda reflexão sobre tomada de consciência, humanidade e inteligência artificial na figura do computador autoconsciênte HAL 9000. E como nada ficava sem resposta em tempos de Guerra Fria, o russo Andrey Tarkovski dirigiu, em contraponto, Solaris (1972) – em tentativa de dotar a evolução tecnológica de uma certa humanidade.

Entre obras mais recentes, é possível citar os filmes Ex_Machina – Instinto Artificial (2014), de Alex Garland, e Ela (Her, 2013), de Spike Jonze. Nestes dois longas, humanos nutrem sentimentos por “seres” virtuais, e a recíproca não é tão absurda, embora complexa. Mas, caso o leitor não tenha assistido, não vale estragar a experiência com spoilers.

Opinião da máquina

Convidado a reponder sobre as possibilidades e a fidelidade destas obras com a realidade, o ChatGPT tece críticas delicadas. “Como muitos filmes que exploram o futuro da tecnologia, as obras tomam certas liberdades artísticas e não são precisas cientificamente”, explica a máquina. “Entretanto, enquanto os filmes não são totalmente precisos em relação à ciência, isso não significa que não levantam questões interessantes e conceitos relacionados à inteligência artificial e ao futuro da tecnologia”, conclui o ChatGPT.

Para refletir

Então, a reportagem pediu para a IA elaborar listas de filmes, livros e gravuras, com uma breve síntese das obras, que abordem o tema. Segue o resultado:

Filmes

• Ex_Machina (2014): Um jovem programador é selecionado para participar de um experimento enquanto interage com uma humanoide com uma IA altamente avançada.
• Exterminador do Futuro (1984): Um ciborgue assassino é enviado para o passado para exterminar a mãe de um futuro líder da resistência humana ao domínio das máquinas.

• Ela (2013): Um homem se apaixona por um sistema operacional com uma IA altamente avançada.
• Blade Runner (1982): Em um futuro distópico, um policial busca e elimina replicantes, seres artificiais avançados, programados para trabalho e exploração, que se rebelam quando descobrem que “morrerão”.
• Matrix (1999): Um hacker descobre que a realidade que ele conhece é um mundo simulado, criado por máquinas para subjulgar a humanidade e adere à rebelião dos humanos.

Livros

• Eu, Robô – de Isaac Asimov (1950): Uma coleção de histórias curtas que explora as relações entre humanos e robôs em uma sociedade do futuro onde robôs são comuns.
• Revolta na Lua – de Robert A. Heinlein (1966): Ambientada em uma colônia lunar, esta novela apresenta um computador consciênte chamado Mike, que ajuda um grupo de colonos a lutar pela independência da Terra.
• A Era de Diamante – de Neal Stephenson (1995): Ambientado em uma sociedade do futuro onde a nanotecnologia transformou o mundo, essa novela apresenta um livro avançado em termos de interatividade criado para educar uma jovem menina.
• Justiça Auxiliar – de Ann Leckie (2013): O primeiro livro de uma trilogia, essa ficção científica segue uma nave de guerra inteligente em uma missão de vingança após ser traído por seus comandantes.
• A Singularidade Está Próxima – de Ray Kurzweil (2005): Um livro de não ficção que explora as implicações da singularidade tecnológica, um evento futuro hipotético onde a IA ultrapassará a inteligência humana e liderará um rápido e sem precedentes avanço tecnológico.

Imagens

• O Próximo Rembrandt (2016): Um retrato criado com algoritmos de aprendizado de máquina e técnicas de impressão 3D para simular o estilo do artista holandês Rembrandt.
• Máquina de Pesadelos (2016): Uma série de imagens criada com aprendizado de máquina para gerar um contexto surreal e apavorante.
• Sonho Profundo (2015): Uma série de imagens criadas por engenheiros do Google usando redes neurais que podem “sonhar” e criar imagens abstratas e psicodélicas.
• Retrato Nu Gerado por IA #1 (2018): Um retrato criado pelo artista Robbie Barrat utilizando Generative Adversarial Network (GAN) para criar um retrato nú.
• Sinestesia Neural (2020): Uma série de imagens abstratas criadas pelo artista Mario Klingemann utilizando redes neurais para gerar efeitos psicodélicos.