Ministério reconhece ‘dívida com Brasil rural’ por falta de banda larga

Secretário executivo do Ministério das Comunicações sugere qualificação de lan houses para aproximá-las de escolas públicas e ampliar acesso à internet no campo

São Paulo – Para sanar a “dívida com o Brasil rural” da falta de acesso à internet em alta velocidade, o governo federal acena com investimentos. Durante o lançamento do 15º Boletim Radar – Tecnologia, Produção e Comércio Exterior do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), o secretário executivo do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez, defendeu ainda a possibilidade de se qualificar lan houses para aproximá-las de escolas públicas, especialmente no interior do país.

Uma das formas defendidas por Alvarez para levar internet de banda larga ao campo é por meio da frequência de 450 mega-hertz (MHz), usada atualmente pela Polícia Federal (PF) para se comunicar. A corporação está em processo de transição para outra faixa, o que liberaria o uso para acesso à rede. A solução é mais barata do que recorrer à instalação de cabos de fibra ótica ou do que usar transmissão via satélite.

Para o secretário executivo do ministério, apesar de representar um atraso de dois anos para poder recorrer a essa faixa, a decisão é estratégica e “acertada”. O governo ainda aguarda a migração da PF para outra faixa de frequência para abrir a licitação da faixa de 450 MHz.

Alvarez afirmou ainda que é possível que se usem os recursos do Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações (Fust) para garantir o acesso à banda larga por parte de 15 milhões de pessoas do meio rural. Os recursos são cobiçados pelas empresas de telecomunicações para se garantir infraestrutura aos serviços.

Lan houses

A ampliação de telecentros e a qualificação de lan houses pode ser outra forma de ampliar o acesso à internet no campo. Segundo Alvarez, esses estabelecimentos podem se tornar ambientes de acesso ao conhecimento e à informação. “As lans muitas vezes são vistas de forma preconceituosa, como ambiente de jogo. Isso pode ser mudado”, disse.

Uma das formas para isso seria fazer com que elas prestassem serviço ao Sistema S, conjunto de entidades que representam o interesse de categorias econômicas como comércio, indústria e transportes – como Sebrae, Sesi e Senac.

Qualificadas, as lan houses poderiam tornar-se parceiras do Ministério da Educação no Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo). A sugestão de Alvarez seria que os equipamentos fossem empregados pelas escolas.

Na TV

Durante o evento, Fabrício Lomoeiro, assessor da presidência da Telebras, revelou que a estatal pode participar da infraestrutura da TV pública brasileira. “Poderíamos contribuir de forma significativa com a infraestrutura e servir de vetor para a democratização do conteúdo no Brasil”, disse. A intenção seria ampliar o grau de interatividade da programação.

Em 2010, a Telebras foi reequipada para articular a implantação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Inicialmente, a estatal teria a função de assegurar a oferta do serviço de internet em alta velocidade em locais onde a iniciativa privada não aceitasse chegar com o preço e a qualidade exigidos. Desde o início do governo da presidenta Dilma Rousseff, a orientação mudou e o papel do órgão ficou restrito ao gerenciamento da rede de fibra ótica do setor público, além da coordenação do plano.

Com informações da Agência Brasil