A empresários, Dilma indica juros e spread como entraves para crescimento do país

Presidenta aponta ainda que competitividade, investimentos em inovação e carga tributária são dificuldades para a economia

Dilma ressaltou ainda a importância da inovação tecnológica para garantir a manutenção do crescimento (Foto: Roberto Stuckert Filho. Presidência)

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff criticou hoje (13) os bancos pela alta taxa de juros praticadas em empréstimos e afirmou que este é um dos obstáculos para garantir o crescimento do país. “Nós temos de desmontar alguns entraves ao nosso crescimento sustentável e continuado. Esses entraves podem ser assim resumidos, muito simplificadamente – eu vou falar no positivo, na necessidade de nós colocarmos os nossos juros e spreads incluídos nos padrões internacionais de custo de capital”, afirmou durante discurso na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. 

Na última semana, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, os dois bancos públicos nacionais de varejo, anunciaram redução nas tarifas em geral, facilitando em especial o crédito de longo prazo. Ontem (12), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou a postura dos bancos privados de pedirem mais facilidades para promoverem a redução do spread, que é a diferença entre o custo de captação de recursos e as taxas cobradas dos clientes. 

Ao enumerar os problemas atuais, Dilma comentou ainda a desvalorização artificial das moedas dos países desenvolvidos, em crise, como forma de diminuírem as dificuldades para importação e exportação. Para a presidenta, o Brasil deve ainda criar melhores condições para uma redução da carga tributária. “Nós sabemos, todos nós, empresários e governo, que é essencial, porque o Brasil tem hoje certas estruturas tributárias que se tornam muito pesadas para ser carregadas num processo de crescimento sustentável.”

Dilma acredita que se soma a estas questões uma outra, que o Brasil ainda está por enfrentar. “Não é juros, não é câmbio, não é impostos, mas é importante para as três restantes. É a capacidade deste país de criar inovação”, disse a presidenta, que hoje conheceu o Programa Senai de Apoio à Competitividade da Indústria.

Ela disse que não há como o Brasil ser forte no século 21 sem apostar no desenvolvimento da ciência e tecnologia. “Engenharia do projeto e inovação caminham de braços dados”, disse. O programa já recebeu investimento de R$ 1,9 bilhão, sendo R$ 1,5 bilhão do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

Além de Dilma, estiveram presentes na CNI o presidente da entidade, Robson Braga, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e os ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento e Indústria.

Coutinho disse que o Senai já recebeu 2,5 milhões de matriculas em 2012 para o programa, e a previsão é que chegue a 2,7 milhões até o final do ano e, possivelmente, a 4 milhões até 2014. “Esse programa é o início de um processo de reação competitiva da indústria brasileira”, afirmou.

Segundo Dilma, esse programa é fundamental para “desamarrar os nós do nosso país”. A presidenta disse que o Senai é o instrumento mais qualificado para, juntos a institutos, transformar a pesquisa no modelo de inovação brasileiro. “O governo federal quer ajudar, ser parceiro, e fará todo o possível para dar sustentação a esses laboratórios e institutos de inovação. Nós precisamos deste programa para avançar”, afirmou.

Robson Braga agradeceu o empenho de Dilma em manter boa relação do governo federal com o setor privado. Ele destacou o trabalho do Senai dentro e fora do Brasil, e comemorou a perspectiva de crescimento do programa de apoio à competitividade da indústria. “O Senai fortalece a indústria e a indústria fortalece o Brasil”, disse.

O presidente do BNDES disse que o incentivo à tecnologia é fundamental para o desenvolvimento brasileiro. “Nós precisaremos subir sistematicamente a produtividade brasileira, para sustentar o desenvolvimento virtuoso. É fundamental que a empresa participe de maneira pró-ativa dessa jornada. Não podemos e não iremos abrir mão de ter uma indústria competitiva”, destacou.

Dilma lembrou ainda da importância de o país aprimorar seu sistema de patentes, prática comum na maioria dos países desenvolvidos. “O governo federal assume o compromisso de modernizar e modificar o Instituto Brasileiro de Propriedade Intelectual”, disse. “Nossa capacidade de criação transformará o Brasil em um dos grandes celeiros de inovação do mundo”.