Faculdade promove apoio a critério racial para programa de bolsa no exterior

Docentes e alunos da Zumbi dos Palmares chances para negros nas bolsas do Programa Ciência sem Fronteiras

São Paulo – A Faculdade Zumbi dos Palmares está em campanha para arrecadar 100 mil assinaturas em um abaixo-assinado de apoio a intenção da presidenta Dilma Rousseff de incluir o critério étnico-racial para a escolha de bolsistas no Programa Ciências sem Fronteiras.

O programa do governo federal pretende oferecer 100 mil bolsas em universidades no exterior para estudantes de graduação e pós-graduação em cursos de áreas prioritárias de ciências básicas, as engenharias e a área tecnológica. O governo vai disponibilizar 75 mil bolsas, totalizando um valor de R$ 3 milhões de reais. O ministro Aloizio Mercadante e a presidenta Dilma pediram ao setor privado que ajudem no custeio de outras 25 mil.

As bolsas serão direcionadas para  estudantes de 283 universidades que participam dos programas Institucional de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) e Institucional de Iniciação Científica (Pibic). A pontuação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também será levada em consideração.

Na terça-feira (16), Mercadante anunciou a disponibilização das primeiras 2 mil bolsas de estudo. “Um dos focos é a formação de mais engenheiros. No Brasil, formamos um engenheiro a cada 50 formandos, enquanto a Coreia forma um engenheiro a cada quatro formandos. Temos que acelerar essa formação”, enfatizou o ministro.

O diretor da Zumbi dos Palmares, Hédio Silva Jr., considera importante mostrar à presidenta que a escolha pela ação afirmativa tem apoio popular. Uma campanha entre os alunos da faculdade e parceiros está sendo desenvolvida e vai utilizar também a internet para divulgação da iniciativa. “Apresentamos aos nossos alunos a ideia e eles ficaram entusiasmados. Querem fazer multirões pelas ruas e praças, além de utilizarem a própria internet.

Questionado sobre o motivo de a presidenta ter mostrado interesse em incluir esse novo critério, Hédio defende que o sucesso das cotas raciais em cerca de 92 instituições superiores de ensino explicaria a mudança. Ele também considera que o avanço do negro na universidade ao longo dos oito anos do governo Lula e agora com a presidenta como fatores positivos.

A própria Faculdade Zumbi dos Palmares foi criada em 20 de novembro de 2003. A faculdade tem 90% de alunos negros e corpo docente de maioria de mestres e doutores negros. “Depois de 10 anos de cotas raciais, as estatísticas mostram que o mérito se mede em sala de aula e contraria os críticos, que diziam que os cotistas não teriam preparo para acompanhar as aulas”, defende o diretor.