População vê acesso gratuito e sem preconceito como pontos fortes do SUS, aponta pesquisa

Levantamento também incluiu perguntas sobre planos de saúde privados e registrou reclamações como preço e falta de cobertura para algumas doenças

São Paulo – Pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nesta quarta-feira (8), sobre a percepção de usuários acerca dos serviços prestados pelos Sistema Único de Saúde (SUS) revela que acesso gratuito, atendimento sem preconceito e distribuição gratuita de medicamentos são os atributos mais valorizados pela população.

O estudo ouviu 2.773 pessoas residentes em domicílios particulares permanentes no período de 3 a 19 de novembro de 2010 e também incluiu perguntas sobre planos e seguros privados de saúde. 

Questionados sobre o principal ponto positivo do SUS, 52,7% dos entrevistados apontaram a importância do acesso gratuito aos serviços de saúde prestados pelo sistema, seguido pelo atendimento universal com 48% e pela distribuição gratuita de medicamentos, apontada como positiva por 32,8%.

A pesquisa também identificou que o trabalho das equipes do Programa Saúde da Família (PSF) é o serviço mais bem avaliado dentro do SUS. Mais de 80% dos entrevistados que tiveram seu domicílio visitado por algum integrante do PSF julgaram o serviço muito bom ou bom.

O eletricista Edivandro Alves, de 27 anos, morador de Valparaíso (GO), é usuário do Saúde da Família e afirma que o atendimento é de qualidade e de grande importância para sua vida. “O Saúde da Família é bom, poderia ser melhor se tivesse mais médicos e equipamentos”, destacou. “Sou atendido por esse programa e os enfermeiros estão sempre lá em casa medindo minha pressão e vendo como anda meu diabetes”, disse.

A distribuição gratuita de remédios foi qualificada como boa ou muito por 69,6% dos entrevistados. A dona de casa Maria Olanda Nunes, 50 anos, recebe remédios gratuitos para controlar o diabetes e diz que está satisfeita com o benefício. “Fico feliz em poder receber esses remédios, não tenho condição de comprar. Controlo o diabetes com os remédios gratuitos e com uma alimentação equilibrada, além de contar com enfermeiros todo mês na minha casa avaliando a minha saúde”, disse.

O atendimento por médico especialista foi o terceiro serviço com maior proporção de opiniões positivas: 60,6% dos entrevistados disseram que o serviço é muito bom ou bom, enquanto 18,8% consideraram ruim ou muito ruim.

Apesar do reconhecimento da importância do SUS pelos entrevistados, o estudo aponta que  42,6% dos brasileiros classificam os serviços oferecidos como regulares. A proporção de entrevistados satisfeitos ficou em 28,9% e de insatisfeitos, em 28,5%.

Entre os que tiveram alguma experiência com o SUS nos últimos 12 meses, a proporção de opiniões de que os serviços são muito bons ou bons foi maior (30,4%) do que entre os que não usufruíram dos serviços (19,2%) no período. A proporção de opiniões de que os serviços prestados são ruins ou muito ruins é maior entre os entrevistados que não tiveram experiência com o SUS (34,3%), em comparação com os que tiveram alguma experiência nos últimos 12 meses (27,6%).

Insatisfação

O atendimento prestado em centros e postos de saúde recebeu a menor proporção de qualificações como muito bom ou bom (44,9%) e a maior proporção de qualificações como ruim ou muito ruim (31,1%).

Em relação aos serviços de urgência ou emergência, 48,1% dos entrevistados consideraram que o atendimento é muito bom ou bom e 31,4% qualificaram como ruim ou muito ruim.

Na opinião dos entrevistados, é preciso aumentar o número de médicos e reduzir o tempo de espera para atendimento. “Tem de ter mais médicos e menos horas de espera nas filas. Estamos na capital do país, e os políticos não fazem nada”, indica a dona de casa brasiliense Selma Maria da Costa.

A pesquisa ouviu também pessoas que pagam planos de saúde. As principais razões citadas para aderirem ao segmento da saúde suplementar foram: pela maior rapidez para consultas ou exames (40%); por ser um benefício fornecido gratuitamente pelo empregador (29,2%); pela maior liberdade para escolha do médico que fará o atendimento (16,9%).

Já o principal problema apontado pelos entrevistados em planos de saúde é o preço da mensalidade (39,8%), seguida pelo fato de algumas doenças ou procedimentos não serem cobertos pelo plano (35,7%).

Com informações da Agência Brasil

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