Epidemia

São Paulo atinge 311 casos de dengue por 100 mil habitantes e entra em estado de emergência

Medida foi recomendada pelo Centro de Operações de Emergências (COE) e deve facilitar a compra de insumos médicos e contratação de equipes por municípios

Arquivo ABr
Arquivo ABr
São Paulo acumula 138.259 diagnósticos positivos para a dengue e 31 mortes confirmadas

São Paulo – O governo de São Paulo decretou situação de emergência em saúde pública devido à epidemia de dengue. A decisão foi tomada pelo Centro de Operações de Emergências (COE), grupo coordenado pela secretaria estadual de Saúde, após o estado atingir 311 casos confirmados da doença para cada grupo de 100 mil habitantes nessa segunda-feira (4).

O patamar de casos, de acordo com parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS), coloca a situação da dengue no estado como epidêmica, que leva em conta 300 casos para cada 100 mil habitantes. Ao todo, desde o início do ano, São Paulo acumula 138.259 diagnósticos positivos para a doença e 31 mortes confirmadas. Os dados do painel de monitoramento da secretaria de Saúde também indicam que há ainda 122 óbitos em investigação. E que, entre as pessoas infectadas, 169 estão em estado considerado grave.

De acordo com o COE, após reunião extraordinária, a publicação do decreto não apenas dará maior visibilidade ao problema, como permitirá nova alocação de recursos para o combate à doença com suporte do Ministério da Saúde. A medida, contudo, ainda deve ser oficializada no Diário Oficial nesta terça (5).

Sem previsão do pico da doença

“O que muda agora com decreto é que a gente pode ter um pouco mais de agilidade para adquirir insumos, contratar pessoas, aumentar a nossa rede de atenção. E os municípios podem usar o nosso decreto como justificativa para decretar estado de emergência também”, explicou, em entrevista ao g1, a secretária da Saúde em exercício Priscilla Perdicaris. A medida prevê repasses do governo federal tanto para o estado quanto às cidades.

Até o momento, 22 dos 645 municípios paulistas decretaram emergência. O governo também afirma que pretende ampliar o número de equipamentos fumacê e que vem monitorando os sorotipos da dengue e circulação no estado. Segundo a pasta, a incidência hoje é maior da dengue do tipo 1 e 2. A avaliação é que as emergência climática, com o aquecimento global e as chuvas criaram as condições ideais para proliferação do mosquito Aedes aegypti e, consequentemente, o aumento de casos de dengue.

O governo de São Paulo afirmou, no entanto, que não é possível prever quando será o pico da doença. O Brasil vem enfrentando, como um todo, a epidemia de dengue. No país, a taxa de incidência já chega a 501 casos por 100 mil habitantes. São 1.017.278 casos prováveis da doença com 214 mortes confirmadas apenas nos primeiros dois meses de 2024. O Ministério da Saúde destaca que 75% dos focos do mosquito transmissor da dengue estão dentro dos domicílios.

Surto na América Latina

Além do Brasil, a incidência da doença também é alta nos demais países da América Latina, que vêm concentrando quase oito em cada 10 contágios. De acordo com levantamento da Folha de S. Paulo, Paraguai e Argentina são os que mais causam preocupação no momento. O primeiro sustenta a maior taxa de casos neste ano, com 1.892 a cada 100 mil habitantes. O número de crianças e adolescentes em estado grave também tem chamado atenção. Ao menos 15% dos hospitalizados têm entre 5 e 9 anos de idade. Outros 14%, entre 10 e 14 anos, de acordo com o mais recente relatório do Ministério da Saúde do Paraguai.

Já na Argentina, que em anos anteriores não registrou casos nessa época, acumula mais de sete mil casos confirmados da doença em 2024. A área mais afetada é justamente a da fronteira com Brasil e Paraguai, onde fica o estado de Missiones.

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Redação: Clara Assunção – Edição: Helder Lima