Alerta na saúde pública

Brasil ultrapassa 1 milhão de casos de dengue em oito semanas; DF registra maior incidência

Coeficiente de incidência da doença no país é de 501 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. O Ministério da Saúde realiza neste sábado o Dia D de combate à doença

Arquivo ABr
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Entre os casos prováveis, 55,4% são de mulheres e 44,6% de homens. A faixa etária dos 30 aos 39 anos segue respondendo pelo maior número de ocorrências de dengue no país

São Paulo – O Brasil passou de 1 milhão de casos de dengue, entre prováveis e confirmados, desde o início do ano. De acordo com dados de ontem (29) do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, o país registrou 1.017.278 casos nas primeiras oito semanas e 214 mortes confirmadas pela doença. Outros 687 óbitos estão em investigação. 

O coeficiente de incidência da dengue no país, neste momento, é de 501 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Entre os casos prováveis, 55,4% são de mulheres e 44,6%, de homens. A faixa dos 30 aos 39 anos segue respondendo pelo maior número de ocorrências, seguida pelos grupos de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos.

Minas Gerais lidera em número absoluto de casos prováveis – 352.036 – entre as unidades da federação. Quando se considera o coeficiente de incidência, o Distrito Federal aparece em primeiro lugar: 3.612,7 casos por 100 mil habitantes. O DF é uma das unidades federativas que decretaram situação de emergência em saúde pública pela explosão de casos. Segundo o governador Ibaneis Rocha, as redes de saúde da capital, tanto pública como particular, entraram em colapso no atendimento.

Situação de emergência 

Um dos pacientes que tiveram dificuldade ao buscar assistência médica é Januário da Cruz Silva, de 61 anos. Ele trabalha com um caminhão de mudanças, mas há quase uma semana teve de parar com os serviços por conta da dengue. Silva recorreu à Unidade Básica de Saúde (UBS) 1, do Paranoá, região administrativa no DF, depois de procurar, sem sucesso, atendimento médico em um hospital.

“Fui sábado ao posto de saúde, fiz hemograma e constatei estar com dengue. Fui, então, encaminhado para o Hospital do Paranoá. Fiquei quase cinco horas lá, mas acabei não sendo atendido porque, como praticamente não havia médicos, eles só atendiam quem tinha pulseira vermelha de emergência”, disse à Agência Brasil.

A servidora Glaucilene Cardoso, de 44 anos, também levou a filha, Isabella Cardoso, de 9 anos, para ser atendida em uma UBS. A menina foi diagnosticada com dengue e com covid-19. “Por sorte, o caso da minha filha não foi grave, nem para a dengue nem para a covid. Mas, claro, a gente fica sempre preocupada.”

Isabella foi levada à tenda de atendimento montada na Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, e, na sequência, foi diagnosticada e encaminhada para a UBS 7. “Foram seis dias de tosse, febre e dores nos olhos e no corpo”, descreveu Glaucilene ao citar a mistura de sintomas das duas doenças observada na filha. A servidora elogiou a dedicação das equipes de saúde. “Sempre prestam bom serviço por aqui”, afirmou.

Dia D amanhã

Segundo a ministra Nísia Trindade, o Brasil poderá ter neste ano o dobro de casos de dengue registrados em 2023, que chegou a 1.658.816 casos. Amanhã (2), o Ministério da Saúde – em parceria com estados e municípios – realizará o Dia D de combate à doença. Com o tema “Brasil Unido Contra a Dengue”, serão promovidas ações de orientação para a população sobre os cuidados para evitar a disseminação da doença. 

Os principais sintomas relacionados à dengue são febre alta de início repentino, dor atrás dos olhos, mal estar, prostração e dores no corpo. O vírus da dengue pode ser transmitido ao homem principalmente pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas. Seis estados – Acre, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio de Janeiro – e o Distrito Federal, além de 154 municípios, já decretaram situação de emergência por causa da doença.

Com reportagem de Sabrina Craide, da Agência Brasil