Esforço

Saúde vai redistribuir vacinas contra dengue a cidades em estado de emergência

Ministério também liberou R$ 300 milhões a estados e municípios para a compra de medicamentos contra a dengue. Neste ano, o Brasil já registrou 1,9 milhão de possíveis casos e 630 mortes confirmadas

Walterson Rosa/MS
Walterson Rosa/MS
Ministra convocou pais e responsáveis a levarem crianças e adolescentes para tomarem a vacina contra a dengue

São Paulo – A ministra da Saúde, Nísia Trindade, informou nesta quarta-feira (20) que vai redistribuir as doses da vacina contra a dengue ainda não utilizadas. O objetivo é aumentar o número de pessoas beneficiadas, além de evitar o vencimento dos imunizantes. Terão prioridade os municípios que decretaram situação de emergência em razão da doença. “Há uma demanda por mais vacinas, e, ao mesmo tempo, os responsáveis por crianças e adolescentes não estão as levando para vacinar”, alertou.

Das 27 unidades da federação, 11 (AC, MG, DF, GO, ES, RJ, SC, AP, SP, RS e PR) já decretaram estado de emergência. Entre os municípios, 350 seguiram o mesmo caminho, incluindo a capital paulista. No entanto, do primeiro lote de 1,2 milhão de vacinas distribuídas no país, somente 465 mil foram aplicadas.

“Vamos fazer a redistribuição das doses que não foram aplicadas e que estão nos municípios. Vamos fazer um ranqueamento dos municípios que estão em situação de emergência por dengue”, disse Nísia, durante entrevista coletiva. O ministério vai divulgar os detalhes da redistribuição nos próximos dias. Ela destacou ainda que o restante das 6 milhões de doses que o governo federal já adquiriu deve chegar em breve ao país.

Apesar da baixa aplicação até o momento, a pasta descartou, ao menos por enquanto, ampliar a faixa etária da vacinação. Atualmente, o público-alvo da vacina são crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, a ampliação da faixa etária demandaria análises técnicas, o que atrasaria a redistribuição.

R$ 300 milhões em medicamentos

Ao mesmo tempo, a ministra anunciou repasse de R$ 300 milhões a estados e municípios para a compra de soro e demais medicamentos necessários no manejo clínico da doença. A Pasta publicou hoje a portaria autorizando a liberação dos recursos.

“Um tema muito importante são os medicamentos para dengue. Soro e outros medicamentos que são utilizados para salvar vidas. Através da abordagem clínica, o objetivo é evitar os casos graves e tratá-los da maneira adequada”, disse Nísia.

Ela ressaltou, ainda, que o foco do ministério é “salvar vidas e evitar mortes”. Nesse sentido, reforçou os cuidados para conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença que se reproduz em locais com água parada.

Ethel Maciel também atualizou os dados sobre a doença. Até o momento, o país registrou cerca de 1,9 milhão de casos prováveis dengue neste ano. A Pasta confirmou 630 óbitos e mais de mil em investigação. Assim, o coeficiente de incidência da doença é de 954,2 casos por 100 mil habitantes. A partir de 300 registros por 100 mil pessoas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera nível de epidemia.

Vacinas em desenvolvimento

A ministra também afirmou que continua trabalhando para iniciar a produção da vacina contra a dengue no Brasil. A pasta negocia com a farmacêutica Takeda, fabricante da Qdenga, a possibilidade de produção do imunizante numa planta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

“Antecipamos que haverá a possibilidade da produção da vacina nacional. Ela está em processo, mas não temos a definição precisa de quantas doses podem ser produzidas. E falta a análise da própria Anvisa”, disse Nísia.

Do mesmo modo, a ministra acompanha de perto os avanços da vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan. Em ambos os casos, porém, ainda não há um cronograma definido. “Temos apoiado o Instituto Butantan no desenvolvimento da vacina, que já alcançou, segundo publicações, bons resultados na fase 3 de sua pesquisa clínica”, disse. “Toda essa documentação caberá ao Instituto Butantan. Não é um papel do Ministério da Saúde encaminhar à Anvisa”, explicou.