Fim do negacionismo

Lula entregará medalhas que Bolsonaro vetou a cientistas brasileiros

Bolsonaro impediu a entrega da Ordem Nacional do Mérito Científico a cientistas e homenageou a si mesmo, além de ministros como Paulo Guedes

Lula Marques/Ricardo Stuckert
Lula Marques/Ricardo Stuckert
Bolsonaro chegou a conceder a honraria científica a ele mesmo e ao então ministro da Economia, Paulo Guedes

São Paulo – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) impediu, em 2021, a condecoração de dois médicos, um infectologista e uma sanitarista, com a Ordem Nacional do Mérito Científico. Não houve uma justificativa formal. Contudo, a comunidade científica atribui o fato ao negacionismo. Bolsonaro negou a gravidade da pandemia de covid-19, incentivou aglomerações, ridicularizou o uso de máscaras e atacou a segurança das vacinas. Agora, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva retomará as homenagens aos cientistas.

Além dos dois médicos, outros 21 cientistas agraciados renunciaram coletivamente à honraria como forma de protesto. Eles também devem receber novas homenagens. Os pivôs deste levante da comunidade acadêmica são o infectologista Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda e a sanitarista Adele Benzaken.

Lacerda liderou estudo em 2020 que concluiu a ineficácia da cloroquina contra a covid-19. Bolsonaro, contudo, insistiu até o fim no medicamento. Já Adele foi demitida pelo governo após realizar uma campanha de prevenção ao HIV entre homens trans.

Integrantes do núcleo bolsonarista, incluindo seu filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro, lideraram apoiadores em uma série de ataques contra Lacerda nas redes sociais. Na época, ele conseguiu publicar seu estudo na revista científica de relevância mundial Journal of the American Medical Association.

O prêmio

Além dos 21 cientistas que devolveram a Ordem Nacional do Mérito Científico, outros 270 pesquisadores condecorados publicaram uma carta de repúdio ao negacionismo bolsonarista. Eles acusaram o governo de censurar e perseguir cientistas e manifestaram preocupação com o uso da honraria com interesses políticos e ideológicos. Ainda em 2021, Bolsonaro chegou a conceder a honraria científica a ele mesmo e ao então ministro da Economia, Paulo Guedes.

O país homenageia todos os anos, desde 1993, personalidades brasileiras e estrangeiras que contribuem para o avanço da ciência. A indicação dos agraciados é realizada por uma comissão formada por nove membros, designados de forma paritária pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), pela Academia Brasileira de Ciências e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Ontem (2), a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, durante apresentação na 13ª Bienal da UNE, anunciou a retomada das homenagens. “Lula devolverá a medalha a esses dois cientistas. E todos aqueles que recusaram a condecoração no governo anterior também irão receber a medalha”, disse.

Com informações da Agência Brasil


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