Impreciso

Com novas falhas nos dados, Brasil fecha semana sem saber realidade da covid

Três estados não enviam informes, um dia depois de o país bater recorde de transmissão e voltar a passar de mil óbitos em 24 horas. Ômicron representa 96% das amostras analisadas, diz Fiocruz

Thiago Duarte/Saúde-AL
Thiago Duarte/Saúde-AL
Até o mês passado, das 3.739 amostras sequenciadas, apenas uma identificou a subvariante BA.2 da ômicron

São Paulo – O Brasil registrou hoje 184.311 novos casos e 493 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. Contudo, o levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), voltou a ficar incompleto. Isso porque os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará não conseguiram enviar os números para o sistema do Ministério da Saúde. Eles são o 1º, o 3º e o 8º em termos populacionais, o que deixa bastante incompleto o levantamento nacional.

Em 10 de dezembro, um suposto ataque hacker, ainda não devidamente esclarecido, comprometeu os sistemas eletrônicos de monitoramento da pasta. A instabilidade durou até meados de janeiro, influindo, desse modo, a divulgação de diversos indicadores, no caso que ficou conhecido como “apagão de dados” de Ministério da Saúde.

Nos últimos dias, no entanto, a comunicação entre os estados e o Ministério havia sido normalizada. Coincidentemente, o novo episódio ocorre um dia depois do Brasil registrar mais um recorde na transmissão, com quase 300 mil novos casos e mais de mil mortes pela covid, maior marca desde 18 de agosto.

Assim, com dados incompletos, as médias diárias de mortos e de óbitos registraram leve queda na comparação com os picos registrados nos últimos dias. Ao todo, país soma atualmente 630.494 mortes pela covid desde o início da pandemia. E os casos totais 26,7 milhões oficialmente. Os dados são do boletim do

Números de casos e mortes pela covid-19 no Brasil. Fonte: Conass

Ômicron dominante

Em janeiro, a variante ômicron respondeu por 95,9% das amostras analisadas pela Rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (4), com base no sequenciamento genético de 3.739 testes feitos entre 14 e 27 de janeiro. Um mês, a nova variante representou 39,4% dos casos sequenciados. Identificada pela primeira vez no país em novembro, o relatório destaca que a ômicron já “domina completamente o cenário epidemiológico da covid-19 no Brasil”.

Antes, em dezembro, os pesquisadores detectaram a ômicron com mais frequência nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul. Mas, recentemente, os pesquisadores encontrar a nova variante em todas as regiões do país. Muito mais transmissível, ela é responsável pela atual explosão no número de casos.

Outro complicador é que a ômicron é capaz de infectar escapar da imunidade conferida por duas doses das vacinas. Até mesmo pessoas que tomaram a dose de reforço chegaram a se contaminar. Contudo, nesse último caso, a chance de desenvolver a forma grave da doença é muito menor.

Além disso, os pesquisadores identificaram três linhagens da ômicron em circulação no país: BA.1 (2.382 genomas), BA.1.1 (226 genomas) e BA.2 (1 genoma). Esta última, vem se alastrando pelo mundo mais recentemente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 57 países já detectaram essa subvariante da ômicron.

O que vem preocupando os cientistas é que a BA.2 parece ser ainda mais infecciosa do que a versão “original”. Um estudo dinamarquês divulgado nesta semana indica que essa subvariante é cerca de 33% mais contagiosa que a BA.1. Na Dinamarca, ela desbancou, inclusive, a primeira linhagem da ômicron, respondendo por mais de 82% dos casos recentes de covid-19. As autoridades de saúde do país, no entanto, não identificaram diferenças significativas nas internações.