Alerta

Pandemia de covid-19 volta a se agravar em São Paulo, e número de internações sobe

Número de internações voltou a subir após mais de oito meses de queda praticamente contínua. Especialistas defendem cuidado redobrado durante as celebrações de fim de ano para evitar um grave aumento na transmissão da doença

Alejandra De Lucca V. / Minsal
Alejandra De Lucca V. / Minsal
Em todo o estado de SP, a média de novas internações de pacientes com a doença, por dia, passou de 273, no dia 8 de dezembro, para 389, nesta quarta-feira (22)

São Paulo – Dados do Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo mostram significativo aumento do número de internações pela covid-19, principalmente na capital, Grande São Paulo e Baixada Santista. Em todo o estado, a média de novas internações de pacientes com a doença, por dia, passou de 273, no dia 8, para 389, ontem (22). Embora a média de pacientes em UTI tenha permanecido estável, em torno de 945, o número de pacientes em enfermaria subiu de 1.183 para 1.495, aumento de 26,4%. Na capital, a média de pacientes internados com covid-19 por dia passou de 150 para 264, nas últimas duas semanas. 

O número de pacientes em UTIs também cresceu no período. Eram 383 no dia 8, mas passaram a 428, ontem. Já nas enfermarias o aumento é ainda maior: de 545 para 755 (38,5%). Por causa dos problemas no sistema do Ministério da Saúde, os dados de novos casos e mortes estão sem atualização desde 11 de novembro, impossibilitando a análise. O governo paulista também registra aumento de 20% nas internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).

Em todo o Brasil, cerca de 90% dos casos da síndrome acabam confirmados posteriormente para covid-19. Os dados de internações preocupam também por conta da chegada da variante ômicron. Embora a nova cepa tenha poucos casos confirmados, ela já está em transmissão comunitária na Grande São Paulo. O médico infectologista do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP) Gerson Salvador ressalta que o monitoramento dos casos tem sido falho no Brasil. Por conta disso é difícil saber se o aumento de internações atual é causado pela variante ômicron, explica o infectologista.

Impacto da flexibilização

Salvador destaca ainda que muitos hospitais já estão lotados por conta do surto de gripe causada pelo vírus influenza. E que o abandono das medidas de proteção está relacionado a esse aumento de ambas as doenças. “O Brasil felizmente avança na vacinação, porém, em relação às medidas não farmacológicas, como distanciamento, uso de máscaras, ambientes ventilados, evitar aglomerações, estamos falhando muito. A população está cansada das medidas de restrição e alguns segmentos acreditam que a pandemia está resolvida, mas ela não está”, adverte.

A coordenadora da Rede Análise Covid-19, Mellanie Fontes-Dutra, destaca que muitas pessoas não completaram o esquema vacinal ou tomaram a dose de reforço, podendo ainda ter um grau de susceptibilidade à covid-19. Por isso um aumento nas internações, como visto na capital paulista, ainda é possível e exige cuidado da população. “A gente sabe que quando ocorre esse tipo flexibilização essas pessoas mais suscetíveis e vulneráveis podem acabar ainda tendo risco para hospitalização. Por isso que é importante reforçar a terceira dose e seguir se cuidando, enquanto a transmissão continuar elevada”.

Cuidados nas festas de fim de ano

Mellanie lembra que os cuidados para evitar a contaminação, independente da variante ômicron, seguem sendo os mesmos. Eles devem também ser aplicados durante as celebrações de fim de ano para evitar um grave aumento na transmissão da doença.

“É mega importante que as pessoas entendam que é necessário somar medidas de proteção nas festas de final de ano. As pessoas devem estar de máscara na maior parte do tempo possível e fazer o distanciamento quando tiverem comendo principalmente. Seja sempre feito em um ambiente ao ar livre, ventilado e com poucas pessoas para evitar aglomerações. Se quem puder estar imunizado, já ter tomado a vacina, é mais um grau de proteção. A ideia é conhecer os riscos e somar proteções. Não achar que só com uma todos os riscos estão eliminados”, adverte a coordenadora.

Leia mais: Como evitar o risco da covid-19 nas festas de fim de ano

Confira a reportagem


Leia também


Últimas notícias