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Com 1.500 pessoas à espera de leito de UTI, Doria prorroga fase emergencial da quarentena

Sem melhora significativa na pandemia de covid-19, governo Doria estende fase emergencial até 11 de abril e segue descartando lockdown regional

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Doria e o vice-governador, Rodrigo Garcia, ignoraram pedidos de lockdown de prefeitos de várias cidades paulistas

São Paulo – Com 1.500 pessoas à espera de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) para tratamento da covid-19, o governo de João Doria (PSDB) anunciou a prorrogação da fase emergencial da quarentena em todo o estado de São Paulo até 11 de abril. Em 20 dias de aplicação das medidas mais restritivas, o número de internados com covid-19 aumentou 66%, embora o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, alegue que está havendo uma desaceleração do número de novas internações. As médias diárias de novos casos e mortes também cresceram continuamente no período. Doria continua rejeitando pedidos de lockdown de prefeitos e especialistas em saúde.

Segundo Gorinchteyn, no início da fase vermelha, em 6 de março, havia um aumento de 2,9% ao dia na ocupação de UTI. Hoje, com 12 dias da fase emergencial, essa média é de 2,2%. O aumento geral de internações por covid-19 está entre 0,8% e 1% ao dia. No entanto, como a maioria dos hospitais estão em colapso, muitos pacientes simplesmente não conseguem a transferência para UTI, o que pode ter levado a uma redução artificial no aumento das internações. Até hoje, 150 pessoas morreram a espera de leitos de UTI para covid-19 em São Paulo.


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Em 6 de março, havia 18.404 pacientes internados com covid-19 no estado, sendo 8.093 em unidades de terapia intensiva (UTI) e 10.311, em enfermarias. Nesta sexta-feira (24), são 30.549 pessoas internadas, um aumento de 66% em 20 dias. São 12.674 pessoas em UTI e 17.875 em enfermarias.

A taxa de ocupação de UTI se encontra em relativa estabilidade, em 91,6%. Mas isso se deve ao aumento de leitos realizado pelo governo paulista, municípios e rede privada, que elevou o total de 9.241 leitos de UTI para 13.843, no último mês. Se o número de leitos fosse o mesmo do final de fevereiro, haveria ocupação total já no dia 11 de março.

Apesar dessa realidade, o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, Paulo Menezes, disse que as internações apresentam tendência de queda. “Acreditamos que ao longo desse período (de prorrogação da fase emergencial) vamos observar uma redução do número de casos graves”, afirmou. Confira ao final as regras da fase emergencial.


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Feriadão na capital

O governo Doria fez um apelo a que a população não faça festas nem aglomerações a partir de hoje e durante toda a próxima semana, quando a capital paulista estará em regime de feriadão antecipado. Serão criadas 100 barreiras sanitárias no acesso a cidades litorâneas e estâncias. A operação descida nas rodovias Anchieta, Imigrantes e Tamoios está suspensa. Todas as praias da Baixada Santista estarão fechadas. O governo prometeu ampliar a fiscalização contra festas clandestinas. Desde o início da fase emergencial, já foram fechadas cerca de 800 festas clandestinas no estado.


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As agências bancárias da capital paulista vão abrir em caráter excepcional, com atendimento reduzido, para atender apenas casos urgentes e pessoas sem acesso aos serviços digitais. Os parques estão fechados desde o dia 15 e permanecem assim até, pelo menos, o dia 11 de abril. As escolas da rede municipal e estadual continuarão em recesso. Já as escolas particulares poderão manter as atividades remotas, se quiserem. Agência do Detran e do Poupatempo estarão fechadas. Os supermercados vão funcionar normalmente.


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Regras da Fase Emergencial

TOQUE DE RECOLHER – Todos os dias, das 20h às 5h

ESCRITÓRIOS EM GERAL E ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS – Obrigatoriedade de teletrabalho (home office).

COMÉRCIO DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO – Proibido o funcionamento e atendimento presencial, mas ficam liberados os serviços de retirada por clientes com veículo (drive-thru) e entrega na casa do comprador (delivery).

ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS (COMÉRCIO EM GERAL) – Somente entrega (delivery) e retirada de automóvel (drive-thru), com proibição de retirada de produtos no local.

REPARTIÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – Obrigatoriedade de teletrabalho (home office).

RESTAURANTES, BARES E PADARIAS – Somente entrega (delivery) e retirada de automóvel (drive-thru), com proibição de retirada de produtos no local. Mercearias e padarias podem funcionar seguindo as regras de supermercados, com proibição de consumo no local.

TRANSPORTE COLETIVO – Recomendação de escalonamento de horário para os trabalhadores da indústria, serviços e comércio. Os horários indicados são de entrada das 5h às 7h e saída das 14h às 16h para profissionais da indústria, entrada das 7h às 9h e saída das 16h às 18h para os de serviços; e entrada das 9h às 11h e saída das 18h às 20h para os do comércio.

EDUCAÇÃO ESTADUAL – Unidades abertas para distribuição de merenda a alunos carentes e entrega de materiais mediante agendamento prévio.

COMÉRCIO DE PRODUTOS ELETRÔNICOS – Somente entrega (delivery) e retirada de automóvel (drive-thru), com proibição de retirada de produtos no local.

SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – Obrigatoriedade de teletrabalho (home office).

SUPERMERCADOS – Recomendação de escalonamento de horário para os funcionários utilizarem o transporte público para irem ao trabalho (entrada das 9h às 11h e saída das 18h às 20h).

HOTELARIA – Proibição de funcionamento de restaurantes, bares e áreas comuns dos hotéis. Alimentação permitida somente nos quartos.

ESPORTES – Atividades coletivas profissionais e amadoras suspensas.

TELECOMUNICAÇÕES – Teletrabalho (home office) obrigatório para funcionários de empresas de telecomunicação.

ATIVIDADES RELIGIOSAS – Proibição de realização de atividades coletivas como missas e cultos, mas permissão para que templos, igrejas e espaços religiosos fiquem abertos para manifestações individuais de fé.


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