POUCO EFETIVO

Prefeitura de São Paulo antecipa cinco feriados para tentar conter covid-19

Gestão Covas também alterou o horário do rodízio de carros para 20h às 5h

Patrícia Cruz
Patrícia Cruz
A medida vai na contramão do que os especialistas já recomendaram: o lockdown, em vez de interromper a circulação de pessoas em transportes públicos

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), decidiu nesta quinta-feira (18) antecipar cinco feriados municipais, a partir do dia 26 de março. O objetivo da medida é tentar aumentar o isolamento social, mantendo a população em casa, e conter o avanço de casos de covid-19 na cidade.

A capital paulista registrou a primeira morte de paciente com covid-19 na fila de espera por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), nesta quarta-feira (17). O caso ocorreu na Zona Leste, com um jovem de 22 anos, na Unidade de Pronto-Atendimento (UP) de São Matheus.

Dois feriados são deste ano e outros três, de 2022. Os feriados de São Paulo serão antecipados para os dias: 26, 29, 30 e 31 de março, além de 1° de abril. Os feriados antecipados são Corpus Christi (3 de junho 2021/22), Consciência Negra (20 de novembro 2021/22) e o aniversário da cidade (25 de janeiro de 2022).

“Vamos antecipar os dois feriados municipais que temos esse ano e os três municipais que temos em 2022 para que a gente possa reduzir a circulação de pessoas. Portanto, nós teremos um prazo que vai de sexta-feira, dia 26, até dia 4 de abril, domingo, sem dia útil, para poder exatamente forçar a cidade a parar”, afirmou Bruno Covas.

Esse tipo de medida já foi adotado pelo prefeito Covas em 2020, quando antecipou os feriados de Corpus Christi e Consciência Negra, além de um ponto facultativo na cidade.

Tapando sol com peneira

A medida vai na contramão do que os especialistas já recomendaram: o lockdown. A antecipação de feriados em São Paulo não interrompe a circulação de pessoas em transportes públicos, como ônibus e metrôs, que estão sobrecarregados e não permitem o isolamento social.

Entre as medidas anunciadas por Covas também está a implementação de um rodízio de carros entre 20h e 5h. Assim, a restrição passa a seguir o horário do toque de recolher do governo do estado, e não mais das 7h às 10h e das 17h às 20h.

A ação de Covas foi criticada por parlamentares. O vereador Celso Gianazzi (Psol) questionou a data da antecipação do feriado, diante do aumento de casos de covid-19. “A medida entra em vigor amanhã? Não. Depois de amanhã? Também não! Começará a valer só no final da próxima semana! Mas não é algo urgente, prefeito? O vírus agradece”, criticou.

O deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) ironizou e disse que o isolamento social imposto por Covas serve só para veículos privados. “Quarentena pra carros, feriados pra deixar a cidade vazia e as praias lotadas. O prefeito parece não ter aprendido nada em um ano de pandemia”, disse.

Centrais pedem lockdown

As centrais sindicais enviaram uma carta ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), nesta quinta-feira (18), solicitando a implementação de um lockdown e medidas emergenciais para frear o colapso no sistema de saúde do estado.

A carta, assinada pela CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB, cita três medidas que precisam ser aplicadas pelo governo tucano. “Que sejam adotadas medidas para ampliar e aprofundar o lockdown em todo o estado, inclusive antecipando feriados, renovando-o pelo período necessário, com o objetivo de inverter rapidamente a curva de contágios e de mortes”, defendem.

As centrais também pedem uma mesa de diálogo social com o setor produtivo (empresários e trabalhadores) para acordar medidas complementares. “É preciso de medidas emergenciais para garantir ao sistema de saúde condições para o enfrentamento da crise sanitária, investindo o necessário para a atuação preventiva e a ampliação da capacidade de atendimento”, diz o texto.


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