tragédia diária

Brasil bate recorde de contágios da covid-19. Número de mortes repete pior momento da pandemia

País ultrapassa 205 mil mortos por covid-19 no dia com mais vítimas do vírus no mundo. Cenário de contágio é o pior desde o início do surto

Legado Lima 2019
Legado Lima 2019
Covid-19 segue com alta letalidade em todo o mundo. Hoje, os Estados Unidos superaram as 400 mil mortes

São Paulo – O Brasil ultrapassou hoje (13) a marca de 205 mil mortos por covid-19. Nas últimas 24 horas, foram 1.274 novas vítimas oficialmente registradas. O número está na média dos piores dias da pandemia, registrados entre junho e agosto. A média móvel de sete dias registrada hoje, de 1.044 mortes, é a maior desde 4 de agosto.

Já em relação aos novos casos, mais um dia com grande acréscimo: 60.899. Desde o início do surto, em março, o Brasil soma, oficialmente, 8.256.536 infectados. Os números foram divulgados hoje pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). A média móvel de novos casos, de 55.626 ocorrências, segue batendo recordes desde 9 de janeiro. O valor é muito superior à média do pior momento, registrado em 29 de julho do ano passado, de 46.536.

Curvas epidemiológicas médias de casos e mortos no Brasil. Momento é um dos piores desde o início do surto. Fonte: Conass

Realidade é pior

O país é o segundo do mundo com maior número de mortos, atrás apenas dos Estados Unidos. Porém, as estatísticas oficiais não levam em conta a subnotificação, realidade denunciada por cientistas e aceita por autoridades. O Brasil testa pouco para a covid-19.

De acordo com o boletim epidemiológico final de 2020 do Ministério da Saúde, 73.494 pessoas morreram por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) não especificada. A covid-19, de acordo com relatório Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), representou mais de 97% dos casos de Srag em 2020 no Brasil. Aliando os dois indicadores, é possível que o país tenha ultrapassado com facilidade os 250 mil mortos.

Mortes por Srag em 2020 no Brasil. Fonte: Ministério da Saúde

Problema para o mundo

O Brasil nunca promoveu medidas de isolamento social rígidas; mesmo as brandas foram abandonadas com velocidade. Também testa pouco e mal a população. Tampouco efetuou rastreio de contágios, algo que países que controlaram a covid-19, como Nova Zelândia, Uruguai e Cuba fizeram com sucesso. Ao contrário, o governo federal do presidente Jair Bolsonaro trabalhou para boicotar medidas da ciência que têm por objetivo salvar vidas.

Agora, após a detecção de uma nova variação do vírus Sars-Cov-2 no Amazonas, o mundo passa a se preocupar ainda mais com o Brasil. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse hoje que estuda bloquear a entrada de brasileiros na Inglaterra. “Estamos preocupados com a variante brasileira (…) Vamos pensar em medidas para proteger nosso país. Ainda temos muitas questões sobre essa variação”, disse.

Para o médico neurocientista e pesquisador na Universidade de Oxford, Ricardo Parolin, a situação é grave. “O Reino Unido está mais preocupado com a variante brasileira que o Brasil. Na segunda onda britânica já morreram mais pessoas que na primeira onda, e só nas últimas 24 horas morreram 1.564 pessoas, o recorde diário até agora. E o Brasil continua sem planos de controle epidêmico”, disse.

Sem fim

Além do recorde de mortes registrado no Reino Unido, os Estados Unidos também seguiram o mesmo caminho. Foram 4.327 vítimas fatais em 24 horas, de acordo com a Universidade Johns Hopkins. Os números elevados puxaram o balanço global, que registrou o dia mais letal pela covid-19 desde o início da pandemia, há mais de um ano. Foram 17.186 mortos.

Os Estados Unidos somam mais de 380 mil mortes e 22,8 milhões de casos. Em todo o mundo, são 1.968.343 mortos e 92 milhões de infectados. Aglomerações do fim de ano ainda devem trazer novos recordes de mortes em todo o mundo na próxima semana. Mesmo com mais de 50 países já vacinando sua população, a previsão da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que, em 2021, a pandemia não será controlada. Assim, seguem as orientações de higiene, uso de máscara e isolamento social.