Recuo

Rodízio volta ao normal hoje em São Paulo, após fracasso em ampliação

Rodízio ampliado em São Paulo na semana passada levou pessoas a lotar conduções. Isolamento segue abaixo do necessário para conter avanço da covid-19

arquivo ebc
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Rodízio ampliado isolou carros, diz ex-secretário Jilmar Tatto, e expôs pessoas a maior risco de contaminação em transporte coletivo

São Paulo – O sistema de rodízio na capital paulista volta a operar a partir desta segunda-feira (18) em seus padrões tradicionais. Das 7h às 10h e das 17h às 20h, de segunda a sexta. Assim, hoje não circulam carros com placa de final 1 e 2; terça-feira, 3 e 4; quarta, 5 e 6; quinta, 7 e 8; e sexta-feira , finais 9 e 0. A prefeitura de São Paulo decidiu cancelar o rodízio ampliado, iniciado na semana passado, diante da ineficácia da medida como meio de ampliar o isolamento social.

O isolamento seguiu abaixo de 50%, enquanto a taxa considerada necessária para conter a expansão do contágio do novo coronavírus é de 70%. A restrição de veículos melhorou o tráfego e a qualidade do ar. Mas levou a uma maior lotação dos meios de transporte coletivo.

Na sexta-feira (15), quinto dia de operação, a taxa de isolamento social foi de 48%, mesmo percentual do sábado. O ex-secretário Municipal de Transportes da capital paulista Jilmar Tatto havia classificado o rodízio ampliado como “inerte, ineficaz e irresponsável”.

“É uma medida insana, porque é a quarentena do carro. No momento que você precisa proteger as pessoas em função do coronavírus, você está protegendo o carro. Você deixa o carro em casa e pede para as pessoas saírem e pegarem o transporte público. Uma medida sem nenhum planejamento, porque não foi combinado com o secretário de Transportes Metropolitanos (do estado)”, afirmou, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Jilmar Tatto foi secretário do setor por seis anos, somadas as experiências na gestões da Marta Suplicy e Fernando Haddad. No sábado, Tatto foi indicado pelo PT para disputar a eleição à prefeitura deste ano.

Esgotamento e lockdown

Neste domingo, o prefeito Bruno Covas reconheceu o fracasso e fez um apelo para que as pessoas contribuam para ampliar o isolamento. A cidade tem 91% dos leitos de UTI ocupados por doentes de covid-19.

Na semana passada, o coordenador do Centro de Contingência para o Coronavírus, Dimas Covas, afirmou que a região metropolitana de São Paulo está cada vez mais próxima de um lockdown.

No estado, mais de mil pessoas morreram em decorrência do coronavírus na última semana. Ontem (17), o total de óbitos chegou 4.782, contra 3.709 no domingo anterior. São Paulo seria hoje o 13º “país” com mais mortes, Se fosse um país, o estado de São Paulo seria o 13º com mais mortes, à frente da China, Turquia, Suécia e Índia.