fica em casa

Em 20 dias, São Paulo registrou a morte de cinco crianças causada pela covid-19

Pessoas com menos de 50 anos já são 12,7% dos mortos no estado. Comitê de Contingência alerta que não há faixa etária ou grupo social totalmente imune às ameaças do coronavírus

wikimedia commons
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Na China, que tem 4.636 mortes em uma população de 1,4 bilhão, autoridades anunciaram ontem (25) o confinamento de mais de 4 milhões de habitantes após a detecção de 39 casos

São Paulo – Em 20 dias, o estado de São Paulo registrou a morte de cinco crianças com menos de 10 anos causadas pela covid-19. Destas, apenas uma apresentava fatores de risco. Dados do Comitê de Crise do Coronavírus mostram que as vítimas tinham idades variadas e os casos demonstram que não há faixa etária ou grupo social totalmente seguro em meio à pandemia de coronavírus. Os óbitos de pessoas com menos de 50 anos também tiveram crescimento desde o início da pandemia e hoje (15) correspondem a 12,8% do total – 574 das 4.494 mortes.

Segundo o comitê, a primeira vítima da covid-19 era uma bebê de 7 meses da cidade de São Paulo, conforme divulgado em 25 de abril. A segunda, de 1 ano, também na capital paulista. A terceira era de Penápolis e tinha 9 anos. A quarta foi confirmada na segunda-feira (11), tinha 4 anos e morava em Francisco Morato. A morte registrada hoje também foi na capital, de uma criança de 1 ano, a única que apresentava comorbidades. A letalidade entre crianças é de 0,8%.

Ontem o comitê revelou que a taxa de mortalidade de pacientes de covid-19 que são internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) é de 20% – ou um paciente em cada cinco. Além disso, a mortalidade geral no estado está em 8% dos casos confirmados, muito acima dos 3% registrados na China, onde a pandemia começou. “Essa situação não ocorre por falta de UTI. Ainda não tivemos colapso no sistema de saúde em São Paulo. Mas porque o coronavírus é muito mais agressivo do que se imaginava”, alegou o coordenador de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde, Paulo Menezes.

Ele destacou a importância de a população aderir ao isolamento social não só para evitar um eventual colapso do sistema de saúde paulista, mas porque a covid-19 tem se mostrado mais grave e imprevisível com o avanço da pandemia. “Em muitos casos ela evolui como uma doença sistêmica, não apenas pulmonar. E que pode matar ou causar sequelas, não só nos chamados grupos de risco. Por isso pedimos que as pessoas fiquem em casa. Não é só para garantir espaço no sistema de saúde, é para não correr risco”, afirmou Menezes.

Segundo o coordenador, além dos 20% que morrem, boa parte dos pacientes que chegaram a necessitar de UTI e se recuperaram da covid-19 sofre alguma complicação renal, problemas cardiovasculares ou sequelas pulmonares. Dados do comitê indicam que os principais fatores de risco associados à mortalidade pela covid-19 são problemas cardiovasculares (59,4% dos óbitos), diabetes (44%), doença neurológica (11,5%), doenças renais (11,1%) e doenças respiratórias (9,9%). Outros fatores identificados são imunodepressão, obesidade, asma e doenças sanguíneas e do fígado.

Levantamento da Rede Nossa São Paulo indica que 38% da população da capital paulista se enquadra em pelo menos um desses fatores de risco.

O coordenador do comitê, Dimas Covas, destacou que ainda não se atingiu o pior momento em relação à queda no isolamento social, que hoje está em 48%. Dados do comitê mostram uma queda acentuada na proporção de casos em São Paulo em razão da quarentena. Em 15 de março, o estado tinha 68% de todos os casos e mortes registrados em todo o país. Em 15 de abril, eram 49% dos casos e 55% das mortes. E atualmente, o estado responde por 27% dos casos e 31% das mortes ocorridas no Brasil. “Isso mostra a efetividade da política de isolamento social”, afirmou.

Acompanhe a evolução dos casos de covid-19 no estado de São Paulo:


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