Vulnerabilidade

Arquitetos e urbanistas pedem suspensão de remoções e despejos, ante avanço do coronavírus

A remoção de famílias em situação de vulnerabilidade impossibilita ainda mais o isolamento dessa população, ampliando a cadeia de contágio

Tomaz Silva/Agência Brasil
Tomaz Silva/Agência Brasil
Despejos e remoções levam ao adensamento de populações, facilitando o contágio e colocando em risco os mais vulneráveis ao vírus

São Paulo – Organizações de arquitetos e urbanistas lançaram hoje (16) manifesto pela suspensão, por tempo indeterminado, do cumprimento de mandados de reintegração de posse, despejos e remoções judiciais ou extrajudiciais. O documento é assinado por Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/DN), Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) e Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU).

Segundo os espcialistas, o adensamento excessivo e coabitação, derivados dessas ações, colocam pessoas com diferentes graus de vulnerabilidade expostas ao vírus no mesmo espaço reduzido, dificulta o isolamento de idosos e outras pessoas vulneráveis.

E a suspensão dessas medidas tem como objetivo evitar o agravamento da situação de exposição ao vírus, o que coloca em risco tanto as famílias sujeitas a despejos como a saúde pública no país.


Manifesto de arquitetos e urbanistas

Apelo pela suspensão do cumprimento de mandados de reintegração de posse e despejos ante o avanço do virus Covid-19 no pais.

Uma questão humanitária

Considerando: 

A necessidade de conter as possibilidades de contágio do vírus “COVID-19”, cuja disseminação já foi declarada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que significa o risco de atingir de forma simultânea a população mundial, sem possibilidade de rastreamento e identificação dos infectados;

A urgência em reduzir a velocidade de transmissão e ampliar os prazos de contágio, para que a estrutura do sistema de saúde tenha condições de atender os infectados e que o acesso ao tratamento não seja prejudicado;

As condições de moradia das populações mais pobres as quais se caracterizam, entre outras, por:

O adensamento excessivo e coabitação, o que coloca pessoas com diferentes graus de vulnerabilidade ao vírus no mesmo reduzido espaço de habitação, e dificulta o isolamento de idosos e outros vulneráveis;

Que remoções de famílias inteiras com este perfil no atual momento impossibilita ainda mais o isolamento dessa população vulnerável, ampliando a cadeia de contágio;

Propomos:

A suspensão por tempo indeterminado do cumprimento de mandados de reintegração de posse, despejos e remoções judiciais ou mesmo extrajudiciais motivadas por reintegração, entre outros, visando evitar o agravamento da situação de exposição ao vírus, o que coloca em risco tanto as famílias sujeitas a despejos quanto a saúde pública no país.

Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/DN), Federação Nacional dos Arquitetos (FNA) e Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU).