mundo em guerra

França suspende impostos e reforma, mundo se mobiliza e Bolsonaro se omite

Medidas contra o coronavírus anunciadas pelo presidente da França param reforma da previdência. Bolsonaro falta a reunião com presidentes vizinhos

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Países acirram ações contra o coronavírus. Bolsonaro falta a conferência com presidentes

São Paulo – Líderes de todos os países vêm anunciando medidas severas para tentar conter a pandemia do Covid-19, o coronavírus, enquanto o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), desdenha do surto e desrespeita ordens autoridades de saúde, até mesmo de seu próprio ministro da área. Bolsonaro chegou a faltar em reunião com outros chefes de Estado da América do Sul, nesta segunda-feira (16), para tratar de ações conjuntas contra o coronavírus.

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou hoje a suspensão da tramitação da reforma da Previdência. Determinou o adiamento de segundo turno das eleições municipais (o primeiro ocorreu neste domingo), a suspensão da cobrança de impostos, de contas de água, gás e aluguéis. Também estão fechadas as fronteiras e impedidas viagens por 30 dias.

Macron falou por três vezes que o país está em “guerra”. “Fiquem em casa e fiquem calmos. Não podemos deixar circular fake news. Se ocupem dos parentes mais próximos. Leiam, reencontrem o sentido do essencial. É importante evitar o pânico. Acreditem que o esforço que peço agora é inédito, mas as circunstâncias obrigam. Estamos em guerra. Não contra um exército, mas o inimigo está aqui e isso requer mobilização geral”, disse.

O líder francês de centro-direita chamou o cenário de “crise sanitária sem precedentes“, e fez a previsão de que o mundo sofrerá com impactos “humanos, sociais e econômicos”. “É o desafio que temos que enfrentar. Pedimos sacrifícios. Nunca os sacrifícios devem pesar aos mais fracos, assalariados, com trabalhos precários.”

Macron ainda anunciou a criação de um fundo estatal para minimizar os impactos da pandemia. “Estamos colocando em ação dispositivo excepcional de adiamento de impostos, apoio a financiamentos e garantindo 300 bilhões de euros para pequenas empresas. As pequenas empresas não precisaram pagar impostos. Contas de água, gás e alugueis devem ser suspensos para que assalariados não fiquem sem recursos necessários. Um fundo de solidariedade vai ser criado com financiamento do Estado.”

Doença do descaso

Manifestações com medidas duras para conter a pandemia foram anunciadas por um grande número de países. Mesmo líderes com ideologias similares a de Bolsonaro estão amplamente mobilizadas contra o coronavírus.

No Reino Unido, o primeiro-ministro, Boris Johnson, fez uma revisão de ações para endurecer o combate ao coronavírus. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump fez declarações claras sobre a urgência da situação.

“Estamos fazendo trabalhos dentro de limitações. Pessoas trabalham juntas. O vírus não está sob controle em canto nenhum do mundo. Não pensamos em recessão financeira, pensamos no vírus. Vamos resolver isso”, disse Trump, em coletiva concedida na tarde de hoje.

Na América Latina, países com um número absolutamente menor de infectados do que o Brasil anunciaram também medidas sérias, fechando fronteiras, inclusive, com a área bolsonarista.

O descaso de Bolsonaro também é marcante com a comunidade internacional. Após ignorar medidas de contenção, o radical de extrema-direita incentivou e participou de manifestações em seu apoio ontem (15). Já hoje, se negou a participar de uma conferência por vídeo com líderes do continente, em que foram discutidas ações conjuntas de combate à pandemia. Argentina, Chile, Colômbia e Paraguai barraram viagens de brasileiros.

Participaram da conferência chefes de Estado de países como Argentina (Alberto Fernández), Martín Vizcarra (Peru), Mario Benítez (Paraguai), Sebastián Piñera (Chile), Lenin Moreno (Equador), Jeanine Añez (Bolívia) e Ivan Duque (Colômbia).

A omissão de Bolsonaro contra o coronavírus pode custar caro. De acordo com previsões feitas pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, o número de mortes no Brasil pode chegar a até 478 mil. A realização de exames também tende a ser amplamente insuficiente, provocando uma altíssima subnotificação.


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