Vannuchi: ‘Eduardo Cunha trabalha para a antirreforma política’
Para analista, presidente da Câmara segue rota de colisão com o governo e, após aprovar nova CPI da Petrobras e o orçamento impositivo, acelera para legalizar o financiamento privado de campanha
Publicado 11/02/2015 - 12h47
São Paulo – Segundo o analista político da Rádio Brasil Atual, Paulo Vannuchi, o novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), segue “a passos fortes” em rota do colisão com o governo Dilma.
Depois de aprovar a criação de uma nova CPI da Petrobras – que vai limitar as investigações sobre corrupção apenas de 2004 para cá – e o chamado orçamento impositivo, que obriga o governo a repasses obrigatórios de recursos públicos para emendas dos congressistas, Cunha determinou a instalação de comissão especial para tratar da reforma política, baseado em um projeto que Vannuchi classifica como “antirreforma”.
A comissão especial, que visa agilizar a tramitação do projeto sem que seja apreciado por outras comissões da Casa, será presidida por Rodrigo Maia (DEM-RJ), filho do ex-prefeito fluminense César Maia e “inimigo figadal” de Lula e Dilma, na definição de Vannuchi. Já a relatoria do projeto ficou com o PMDB, isolando assim o PT, que tem a maior bancada da Câmara.
“Me pergunto se não é a antirreforma vestida de reforma política. O PT e seus aliados querem uma reforma política que responda àquele grito da juventude de junho de 2013, aos milhões de pessoas que foram as ruas para aperfeiçoar o atual sistema de representação”, afirmou o analista.
O projeto a ser apreciado pela comissão foi elaborado pelo então deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), mas em total desacordo com o partido. O texto propõe mudanças como o fim do voto obrigatório, o fim da reeleição para o Executivo e a unificação dos calendário eleitorais, com de quatro em quatro anos para todos os cargos – presidência, governo estadual e prefeituras, além do Legislativo. Contudo, a proposta mais polêmica é sobre o financiamento de campanha.
Para Vannuchi, o intuito é “impedir a tese do financiamento público” e legalizar o financiamento privado de campanha, que representa “a mãe de todos os males da corrupção”. A proposta também vai de encontro com a decisão do Supremo Tribunal Federal, que já formou maioria contra o financiamento de campanhas por empresas e aguarda o posicionamento do ministro Gilmar Mendes, que, em abril de 2014, pediu vista do processo.
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