8 de janeiro

‘Vamos investigar tudo’, afirma líder do governo sobre pedido de CPMI

Após renúncia do chefe do GSI, flagrado circulando no Palácio do Planalto no dia da Invasão, José Guimarães (PT-CE) defende “apuração ampla, geral e irrestrita”

Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
"Já que querem fazer a CPMI, nós vamos para dentro", disse Guimarães, mudando estratégia do governo

São Paulo – Após a divulgação de imagens do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, circulando no Palácio do Planalto no 8 de janeiro em meio aos invasores, a base do governo Lula decidiu aceitar a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o episódio. Em discurso no plenário da Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira (19), o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), defendeu uma “apuração ampla, geral e irrestrita”.

“Quem é governo, tem que estar preocupado é com a fome do povo brasileiro, é com o arcabouço fiscal que vai ser votado. É com a reforma tributária. Mas já que querem fazer a CPMI, nós vamos para dentro dela. E vamos investigar tudo”, afirmou.

Guimarães disse que o governo vai “botar o dedo na ferida” para saber “quem é o responsável pelo atentado contra à democracia brasileira”. Pelas redes sociais, afirmou que quem tem que temer a CPMI dos atos antidemocráticos “são os golpistas”.

Até então, o governo vinha tentando evitar a instalação da CPMI. O objetivo era não politizar as investigações, a cargo da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, como sinalizou Guimarães, a instalação da comissão poderia prejudicar o andamento de projetos de interesse do governo no Congresso Nacional.

Por outro lado, a intenção também era evitar dar palco aos bolsonaristas, que têm insistido em atribuir ao governo eleito o estímulo à atuação dos invasores. As cenas do general Gonçalves Dias, editadas pela CNN para passar imagem de omissão diante dos golpistas, corroboraria tal tese.

‘Não cola’

Mais cedo, em entrevista coletiva, Guimarães afirmou que a versão bolsonarista que tenta responsabilizar o governo “não cola”. “As apurações estão a pleno vapor, e ninguém mais do que o governo, como disse o presidente, quer investigar, doa a quem doer. Essa narrativa que eles estão dizendo que o governo está por trás, pra nós isso não cola. Existem vídeos e mais vídeos, até de parlamentares fomentando e articulando as presepadas do dia 8. Foi o nosso governo que agiu, pediu celeridade, uniu o país, uniu os poderes, para enfrentar aquela tentativa de golpe. Foi sim, uma tentativa de golpe patrocinada, porque ainda hoje temos um ex-ministro da Justiça preso aqui em Brasília”.

Sobre o vídeo do general – que renunciou –, Guimarães disse que é “mais um retrato” de como agem os bolsonaristas. “Eles agiram dentro e fora do governo. Nós recebemos a informação que ainda hoje tem bolsonaristas dentro do Palácio. Como pode um vídeo desse ser divulgado sem o governo saber? Sem o presidente saber? Mas isso merece uma explicação”, afirmou.