Uso indevido

TSE proíbe Bolsonaro de usar comício em Londres na campanha eleitoral

Em uma Londres de luto pelo funeral da rainha Elizabeth 2ª, Bolsonaro fez um comício eleitoral em plena embaixada brasileira. Para ministro do TSE, presidente feriu a isonomia e abusou de vantagem não autorizada pela legislação eleitoral

Antônio Augusto/Secom/TSE
Antônio Augusto/Secom/TSE
O comportamento do presidente Bolsonaro em Londres também foi repercutido negativamente entre cidadãos britânicos e pela imprensa internacional

São Paulo – O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Benedito Gonçalves proibiu o presidente Jair Bolsonaro de utilizar, em sua campanha eleitoral, imagens do discurso feito na embaixada do Brasil em Londres, no domingo (18). A decisão liminar (provisória) do ministro, também corregedor-geral da Justiça Eleitoral, saiu na noite de ontem (19). E atende pedido da senadora Soraya Thronicke (UB), candidata à Presidência, que alegou abuso de poder político e econômico por parte de Bolsonaro. 

Na liminar, Gonçalves determinou ainda a remoção de vídeos publicados em uma rede social do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O filho do presidente divulgou falas de Bolsonaro no prédio público da capital inglesa. O mandatário esteve em Londres no domingo e nesta segunda para participar do funeral da rainha Elizabeth 2ª. Sob um país em luto, Bolsonaro usou a viagem para fazer comício eleitoral e gravar vídeos para sua campanha. Na ocasião, o candidato atacou o sistema eleitoral e também o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

O comportamento do presidente repercutiu negativamente entre cidadãos britânicos e imprensa internacional. Da sacada, Bolsonaro chegou a comentar que “não tem como a gente não ganhar no primeiro turno”. Entretanto, todas as pesquisas eleitorais dizem o contrário, registrou o jornal inglês The Guardian

Uso indevido, diz TSE

Para o ministro do TSE, houve de fato uso indevido da embaixada. Segundo ele, há elementos suficientes para concluir que o acesso, “por força do cargo de Chefe de Estado, teve uso em proveito da campanha. A repercussão do vídeo na internet, com mais de 49.000 (quarenta e nove mil) visualizações, demonstra que o alcance do ato não se restringiu ao pequeno grupo presente no local”, destacou. 

“Após poucos segundos de condolências à família real, a sacada foi convertida em palanque, para exaltação do governo e mobilização do eleitorado com objetivo de reeleger o candidato”, completou o corregedor eleitoral. 

Gonçalves também acrescentou que Bolsonaro feriu a isonomia entre candidatos e candidatas da eleição presidencial ao explorar sua posição, “em ocasião inacessível a qualquer dos demais competidores, para projetar a imagem do candidato”. Uma vantagem, de acordo com o ministro, não autorizada pela legislação eleitoral. “É preciso cessar os impactos anti-isonômicos do aproveitamento das imagens do discurso na Embaixada em favor das candidaturas dos investigados”, concluiu o corregedor-geral. 

Ainda em Londres, os próprios britânicos perderam a paciência com a falta de compostura, ignorância e incivilidade do bolsonarismo. Em situação ainda mais bizarra, a polícia de Londres teve de ajudar os jornalistas Laís Alegretti e Giovanni Bello, da BBC Brasil, em Londres, a se afastar de apoiadores de Bolsonaro.