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Serra é a notícia que falta ao MD, ex-PPS

Lideranças da sigla que resultou da fusão do antigo Partido Comunista com o PMN dão pistas de que o ex-governador tucano de São Paulo pode desembarcar no partido

São Paulo – Oficializado no dia 17 de abril, o novo partido do quadro político nacional, a Mobilização Democrática (MD), fusão do PPS com o PMN, já contabiliza 14 deputados federais, 58 estaduais, 147 prefeitos e cerca de 2.500 vereadores. A sigla só depende da homologação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar de começar com essa representação considerável, seus líderes reconhecem, nas entrelinhas, que ainda falta uma grande noticia para alçar a legenda às manchetes: o “passe” do ex-governador José Serra (PSDB-SP) cairia como uma luva.

“Se viesse, seria uma das conquistas mais qualificadas, porque o consideramos um dos grandes quadros políticos do Brasil”, diz o presidente nacional do MD, Roberto Freire. Ele desconversa sobre o possível “sim” de Serra, mas, ao ser perguntado se o tucano seria candidato em 2014 caso se transferisse para a nova legenda, responde com uma frase interessante: “Ele não está vindo com nenhuma promessa, nem exigiu coisíssima nenhuma.”

Se a frase é um ato falho ou intencional, Freire emenda rapidamente, rindo: “O problema é que ele ainda não decidiu que vem. Não vou dizer a você o que não tenho certeza”, afirma o parlamentar. “Em princípio, a ideia da MD em 2014 é o apoio a Geraldo Alckmin (para reeleição no governo).”

O deputado estadual Alex Manente (PPS) dá outra pista: “Serra já conversou com Roberto Freire, entendeu o que significa a formação do partido. Naturalmente, ele não tem mandato, não precisa migrar agora”, calcula.

Freire reconhece que Marina Silva é outra figura cobiçada e conta que foi convidada a participar de reuniões no PPS. “Mas ela preferiu naquele momento a criação daquilo que veio a se chamar Rede.”

MD x PSD

As lideranças do partido consideram certo que o MD atraia quadros do PSD de Gilberto Kassab. Considerado um dos seus principais articuladores no estado, Manente é veemente: “O PSD vai perder muita gente para nós. Não tem como ser o contrário. Dos deputados federais que vamos ter na fusão, dificilmente algum sairá, todos estão animados com a ampliação do partido”, garante o deputado, um dos mais jovens da Assembleia Legislativa de São Paulo, e que tem base eleitoral em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. “O que eu sei é que o PSD está tentando juridicamente vetar a possibilidade de a nossa fusão ser um novo partido. O ataque do PSD é este, e não atrair nossos quadros”, diz.

Manente refere-se à polêmica sobre o Projeto de Lei 4.470, do deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP), que limita o tempo de tevê e acesso ao fundo partidário para novas siglas e é defendido abertamente tanto pelo ex-prefeito Kassab como pelo PT da presidenta Dilma Rousseff. O PL foi aprovado na Câmara e teve sua tramitação suspensa por liminar do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Mas os dois deputados dizem estar tranquilos quanto ao risco jurídico. “Essa legislação não foi votada no Senado e sancionada. Não acredito que atrapalhe nossa fusão. Mesmo porque nosso partido foi criado antes da aprovação da lei, que para ter validade precisa ser sancionada.” Para Manente, se vier a vigorar, a lei afetará as legendas que ainda estão em processo de criação e não têm o número de assinaturas necessárias, como o partido do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, ainda no PDT paulista, e o de Marina Silva, chamado Rede.

Segundo Freire, não é o MD que corre o risco de ser esvaziado antes mesmo de se consolidar, e sim o contrário. “Kassab sabe fazer isso, seduziu alguns quadros que foram para o PSD, e teve até um certo sucesso quando criou o partido. Mas agora ele corre o risco de ter alguns dos seus seduzidos”, diz.