Dança das cadeiras

Semana terá discussões sobre saídas de partidos da base do governo

PMDB, PRB e PP decidem nos próximos dias se deixam ou não os cargos que possuem no Executivo, mas clima ainda é de divisões entre os políticos

José Cruz / Agência Brasil

PMDB realizou reunião para avaliar a nomeação do deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para Aviação Civil

Brasília – A semana começa com a retomada das discussões sobre a debandada de partidos da base aliada no Congresso, que tende a ser concluída até o final do mês. Os primeiros a formalizarem o gesto foram os parlamentares integrantes do PRB, que anunciaram a sua saída do governo na última quarta-feira (16), com, inclusive, o pedido de exoneração do ministro do Esporte, George Hilton. Acontece que, pouco tempo depois, a assessoria de Hilton divulgou que, em vez de deixar o cargo, o ministro trocará de partido e migrará para o PROS, continuando no governo. Já o PMDB, que tinha determinado um prazo de 30 dias para ter alguma definição a respeito, antecipou a data para o dia 29. Por fim, o PP marcou reunião para os próximos dias, para discutir o mesmo tema.

O caso mais emblemático, o dos peemedebistas, causa preocupações entre os representantes da base aliada porque apesar de apresentar divisões dentro do partido, os sinais observados são de que cada vez mais aumenta o número de integrantes da sigla dando declarações de apoio à saída do PMDB do governo. Mas a postura de divisão dos peemedebistas não deixa de ser observada.

Caso a ruptura de fato aconteça, a legenda deverá devolver os cargos existentes no governo, mas ao mesmo tempo, continuará com a figura do vice-presidente da República, Michel Temer, que assumirá a Presidência em caso de afastamento de Dilma Rousseff.

Dois nomes tidos como fortes dentro do partido insuflaram o clima, que já está quente, sobre o tema, na última sexta-feira (18). O primeiro foi o ex-ministro da Aviação Civil, Moreira Franco (RJ). O segundo, o ex-ministro dos Portos, deputado Edinho Araújo (SP). Ambos são tidos como políticos ligados à ala de Michel Temer. Moreira Franco afirmou, em evento do qual participou, que não tem dúvidas de que a decisão dos integrantes da legenda no dia 29 será de rompimento. E destacou que “o sentido de urgência do PMDB é conectado à vontade do povo”.

Ressentimento

Moreira Franco é considerado pela base aliada um ex-deputado ressentido por ter ficado conhecido, durante o primeiro governo Dilma Rousseff, como o único ministro que, mesmo fazendo inúmeros pedidos de audiência, nunca foi atendido para uma conversa a sós com a presidenta. E nunca deixa de manifestar essa queixa sempre que tem oportunidade.

Edinho Araújo, que já foi ministro dos Portos, afirmou que independentemente da posição do partido, votará pelo impeachment da presidenta. A irritação da maior parte dos peemedebistas na última semana se deu com a nomeação e posse do deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para a Secretaria de Aviação Civil (SAC), num momento em que a convenção nacional do partido tinha pedido aos peemedebistas para não assumirem quaisquer cargos até a decisão definitiva da sigla.

Lopes afirmou que a decisão tinha sido tomada antes disso e agora, corre o risco de ser expulso do PMDB. Por outro lado, sua ida para a SAC foi negociada pelo líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), que foi reconduzido ao cargo com o apoio do Palácio do Planalto.

A ida de Lopes para o governo aconteceu à revelia da decisão da convenção nacional do partido, que proibiu os filiados de assumirem cargos no governo. O novo ministro da Aviação Civil deverá ser expulso do PMDB. Sua posse não teve a participação de Michel Temer, nem dos principais nomes do partido.

“É sempre a velha confusão entre os peemedebistas. A chance deles saírem do governo é grande, mas está em jogo o poder de articulação da coordenação política do governo e, agora, mesmo que ainda não seja ministro, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nestas conversações. O PMDB sempre foi um partido dividido e vai depender do que acontecer nos próximos dias para que eles entreguem mesmo ou não todos os cargos que possuem”, disse um ministro petista.

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