Sem acordo, CPI da Bancoop segue emperrada em SP

Depois de a presidência da CPI recusar definição de cronograma de trabalho, deputados petistas pediram vistas de todos os 43 requerimentos apresentados

Siraque e Vicente Cândido (PT) negociam com Agnelo (PTB); CPI segue sem cronograma nem requerimentos aprovados (Foto: Maurício Morais)

São Paulo – Terminou sem avanço a terceira sessão ordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga na Assembleia Legislativa de São Paulo a Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). Os deputados petistas Vanderlei Siraque e Vicente Cândido pediram vistas do conjunto de 43 requerimentos apresentados depois de o presidente da CPI, Samuel Moreira (PSDB), recusar o pedido de definição de um cronograma para a discussão dos mesmos por falta de entendimento.

Instalada em março, a CPI não teve nenhum requerimento votado, nem definição sobre os rumos dos trabalhos. A sessão extraordinária da última sexta-feira (16) não foi realizada por falta de quórum, quando DEM, PPS e PV não enviaram seus representantes. 

Ficou marcada para a próxima terça-feira, dia 27, às 11h, no auditório Dom Pedro I, a quarta sessão da CPI. Mas pode haver novo adiamento, pois, segundo o deputado Vicente Cândido, há novos requerimentos para os quais ainda não houve pedido de vista. De qualquer forma, os 14 requerimentos para os quais foram pedidas vistas na segunda sessão, terão de ser discutidos dia 27.

“A postergação do entendimento é ruim para a Casa, não para o Partido dos Trabalhadores, porque nós não temos nada a temer, e estamos aqui gastando energia desnecessária”, desabafou o deputado Vicente Cândido. O andamento da CPI, segundo ele, depende do PSDB. “Se seguissem a praxe, as coisas andariam. Queremos colaborar, queremos que a Bancoop venha depor”, disse.

A exemplo das sessões anteriores, o deputado Samuel Moreira (PSDB), presidente da CPI, destacou a necessidade de se começar os trabalhos pelo diagnóstico da situação da Bancoop  e de seus mutuários para depois ouvir os depoimentos de João Vaccari Neto, ex-presidente da Bancoop e tesoureiro do PT, e do promotor Carlos Blat, responsável pelo inquérito ainda sem denúncia apresentada.

Parte da sessão foi dedicada a esclarecimentos regimentais, relacionados a prazos para vistas (72 horas) e sobre a impossibilidade de apresentação verbal de requerimentos, sem conhecimento prévio dos demais integrantes da comissão.

Para o deputado Antonio Mentor (PT), os tucanos querem usar a CPI da Bancoop para fazer palanque eleitoral. A oposição acredita que as discussões da CPI serão empurradas para ficar cada vez mais próximas da eleição presidencial.

O deputado Vanderlei Siraque questionou a natureza de alguns requerimentos, como o que pede o depoimento do “pai da atriz Débora Secco” e disse que, pelo andar da carruagem, “daqui a pouco será necessário instalar uma sala de autógrafos” para acolher as celebridades às quais os tucanos querem recorrer para dar visibilidade ao fato.

O deputado Valdir Agnelo (PTB), autor do requerimento, reagiu ao comentário de Siraque e garantiu que a discussão do mesmo vai ajudar a esclarecer sua natureza. Ele murmurou sobre a possível existência de um cheque da atriz na conta da cooperativa.

O caso

Desde 2005, Blat é responsável por um inquerito sobre a Bancoop. Apesar de muitos cooperados sentirem-se lesados por terem de pagar mais do que o previsto inicialmente e de haver suspeita de má gestão e de desvios de recursos no empreendimento, o promotor não chegou a apresentar denúncia à Justiça. Desde o início de março, o tema voltou à pauta com uma série de reportagens de jornais e revistas retomando as acusações.

 

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