Reuniôes

Rolezinhos e manifestações são pauta do governo federal e prefeitura de São Paulo

Secretaria-Geral da Presidência reforça importância 'do caráter democrático' de encontros, mas ressalva: 'Desde que assegurados os direitos dos que pretendem participar da Copa do Mundo'

Rildo Borges/SG

Os ministros Marta Suplicy e Gilberto Carvalho em reunião na manhã desta quarta-feira (29)

São Paulo – Os rolezinhos mobilizaram hoje (29) membros do governo federal e da administração municipal de São Paulo. Duas reuniões, uma na capital paulista e outra em Brasília, discutiram o assunto. No Planalto, estiveram em torno da mesa o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e as ministras Luiza Bairros (Igualdade Racial) e Marta Suplicy (Cultura), além da secretária nacional de Juventude, Severine Macedo.

Segundo nota oficial da Secretaria-Geral da Presidência da República, “o governo federal, atendendo solicitação da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), recebeu na manhã desta quarta-feira representantes dos shoppings centers e abriu um processo de interlocução sobre os chamados rolezinhos, eventos que têm ocorrido nesses estabelecimentos em diferentes cidades do país, a partir de convocações feitas pelas redes sociais na internet”.

O peso dos participantes da reunião e as entrelinhas da nota mostram que é grande a preocupação do governo não apenas com os rolezinhos, mas com as manifestações esperadas para junho, quando se realiza a Copa do Mundo no país. “A reunião proporcionou uma análise conjunta da relevância e dos legados positivos da realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil – que necessitam ser melhor informados”, diz a nota.

Ao mesmo tempo em que a Secretaria-Geral reforça a importância “do caráter democrático da garantia do direito de manifestação àqueles que querem protestar contra o evento”, ela ressalva: “Desde que assegurados também os direitos daqueles que pretendem acompanhar e participar, de diferentes maneiras, dessa competição que será uma grande festa do esporte mais popular do planeta, do qual o Brasil é referência permanente”. Porém, o governo reafirma “o entendimento de que o diálogo é o principal instrumento de compreensão e construção de padrões de convivência com esses eventos”.

A nota informa que o governo participará, dia 25 de fevereiro, em São Paulo, de uma reunião nacional da Alshop com os diretores operacionais dos shoppings de todo o país, para debater “o estabelecimento de parâmetros de atuação das seguranças internas desses estabelecimentos visando preservar suas atividades comerciais e, ao mesmo tempo, assegurar os direitos de acesso e circulação em seus espaços e coibir a ocorrência de ilegalidades como depredações, furtos ou ameaças”.

Em São Paulo

Na capital paulista, participaram da reunião a prefeitura, representada pelo secretário da Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, Netinho de Paula, o Ministério Público, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) e organizadores de rolezinhos. Segundo o secretário, os encontros de jovens estão suspensos até a semana que vem, quando os meninos vão apresentar um projeto que começou a ser costurado na reunião de hoje.

“Ficou acordado que a Abrasce vai tentar influenciar os shoppings para atuar junto aos rolezinhos, de maneira organizada: os eventos de no máximo até 500 a mil pessoas vão poder ser feitos nos shoppings”, afirma Netinho. Os eventos com mais de mil pessoas “serão feitos nas praças e equipamentos públicos com apoio da prefeitura e também dos shoppings”.

O secretário disse que o Ministério Público se comprometeu a receber os organizadores de rolezinhos na semana que vem para que eles apresentem os projetos por região, onde gostariam de utilizar os espaços públicos. A associação de shoppings deve receber um grupo de jovens para apresentar um projeto, afirma Netinho.

De acordo com a assessoria de Comunicação da Abrasce, “ficou acordado que haverá outras conversas para atender as demandas e que a Abrasce se compromete a intermediar o diálogo dos jovens com os shoppings”.