Derretimento

Após aumento de rejeição, Russomanno retira menção a Bolsonaro em jingle

Em nova estratégia para recuperar popularidade, candidato prioriza ataques a Doria e Covas e tenta manter discurso moral. Enquanto seu partido, o Republicanos, acumula acusações de práticas antiéticas

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
Russomanno caiu de 27% para 20% desde a última pesquisa. Datafolha também apontou aumento na rejeição em campanha que cola sua imagem à de Bolsonaro

São Paulo – Candidato à prefeitura de São Paulo, o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) deixou de mencionar o presidente Jair Bolsonaro em sua propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio. Antes citado ao menos três vezes, o nome Bolsonaro deixou de constar em novo jingle divulgado no horário político desta segunda e terça-feira (26 e 27). A mudança ocorre após a pesquisa do Datafolha, na última quinta (22), apontar derretimento do candidato e um aumento em sua rejeição.

Russomanno caiu de 27% para 20% desde a última pesquisa, em 8 de outubro. Um dia antes de sua estreia na propaganda eleitoral, que trazia a mensagem “com Russomanno e Bolsonaro quem ganha é a nossa cidade”. Já a rejeição do candidato passou de 29% para 38%. À RBA, o professor Oswaldo Amaral, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), já advertia sobre o “cenário de derretimento de Russomanno”

De acordo com ele, a reprovação estaria relacionado à forma como a pandemia é conduzida por Bolsonaro. Em 25 de setembro, o Datafolha também mostrou que 64% dos eleitores da capital paulista não votariam em um candidato apoiado por Bolsonaro. Na nova estratégia, Russomanno usou trechos de seu jingle para atacar o governador e o atual prefeito de São Paulo, João Doria e Bruno Covas, respectivamente, ambos do PSDB. 

Suspeitas sobre o partido

A mesma pesquisa do Datafolha sobre a reprovação do presidente da República entre os paulistanos indicava que ao menos 59% dos entrevistados também não votariam em um nome apoiado por Doria. Ao jornal O Estado de S. Paulo, o responsável pela estratégia da campanha de Russomanno, Elsinho Mouco, negou haver intenção de excluir Bolsonaro das peças publicitárias. Segundo ele, a retirada das menções seria por “motivos circunstanciais”. 

Russomanno também vem apostando em um discurso moral para se alçar a prefeito de São Paulo. Depois de perder as campanhas em 2012 e 2016, o candidato tem relativizado, por exemplo, suas condenações por humilhar trabalhadores no programa “Patrulha do Consumidor”. Reportagem da Folha de S. Paulo levantou ao menos três ações nos últimos três anos. 

O partido de Russomanno também acumula denúncias que vão na contramão do discurso ético do candidato. Em 2018, o prefeito de Embu das Artes, Ney Santos, e o vice-prefeito de Arujá, Márcio Oliveira, foram investigados por suspeitas de envolvimento com o PCC, a organização criminosa Primeiro Comando da Capital. Ney chegou a ter o mandato cassado em 2018, levantou a Folha

O jornal também apurou que, antes das críticas à gestão Covas, o Republicanos ocupava cargos na Secretaria Municipal de Habitação, no Serviço Funerário e na Subprefeitura de Itaim Paulista, zona leste da cidade. Os três órgãos tiveram problemas administrativos e, na pasta de Habitação, cargos foram loteados para aliados políticos ligados à Igreja Universal. Em 2019, assessores legislativos do partido também foram flagrados usando o horário de trabalho para atuar em braços políticos e religiosos da sigla. 

Redação: Clara Assunção – Edição: Helder Lima