Raupp diz que PMDB define ministros hoje, mas Eduardo Cunha ataca e nega aval

Presidente do partido calcula que novos titulares assumam em pouco tempo, mas líder da sigla, que estica a tensão com o PT, fala que nem ouviu falar de um dos indicados. Dilma se reúne com Cabral

Beto Barata/Folhapress

Temer, Dilma e o presidente da Câmara, Henrique Alves: acordo difícil por ministérios

São Paulo – O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse que todas as indicações do partido para a reforma ministerial da presidenta Dilma Rousseff serão definidas ainda hoje (13). Com a expectativa da confirmação dos nomes, Raupp calcula que alguns ministros tomem posse entre amanhã (14) e a próxima segunda-feira (17).

Entre os indicados está o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, para assumir o comando da pasta em substituição a Antônio Andrade, o que teria sido “um consenso no partido”, afirmou Raupp.  

De acordo com o senador, outro nome, o de Angelo Oswaldo (PMDB-MG), atual presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), indicado ao Ministério do Turismo, atualmente comandado por Gastão Vieira, caminha no sentido contrário. “Ele não pacifica nem a bancada do PMDB mineiro”, disse.

Apesar de não sugerir opção para a vaga, a bancada peemedebista na Câmara não apoia a indicação. A insatisfação da bancada do partido na Câmara deve continuar, admite Raupp. “Ainda vai demorar um pouco”, avaliou. Além dos ministérios, há problemas de entendimento em relação a alianças estaduais e liberação de emendas.

Raupp se reuniu hoje de manhã com o vice-presidente Michel Temer e participou da cerimônia, no Palácio do Planalto, para anunciar recursos ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Urbana.

Já o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder do partido na Câmara, segue na estratégia de tensionamento enquanto a sigla tenta fazer negociações com o PT e acalmar os ânimos entre as legendas. Na manhã de hoje, ele negou, pelo Twitter, ter dado qualquer aval aos nomes indicados pelo partido para ocupar os ministérios da Agricultura e do Turismo.

“A notícia publicada hoje no O Globo não tem qualquer fundamento. Não dei qualquer aval para indicação de qualquer ministro. A bancada decidiu que não indicaria e, obviamente, também não daria qualquer aval a quem quer que seja”, escreveu o deputado. Cunha já havia dito várias vezes que a bancada abriria mão de indicar nomes para a reforma ministerial da presidenta  Dilma Rousseff.

Sobre Ângelo Oswaldo, Cunha foi ríspido: “Aliás, esse que estão falando aí para o Turismo, nunca nem ouvi falar e nem sabia que era filiado ao PMDB”, escreveu na rede social. “O da Agricultura é da equipe do atual ministro”, acrescentou, sobre Neri Geller, que atuava como secretário de Política Agrícola do ministério.

Manter os dois ministérios no controle do partido aliado, que tem apresentado queixas e deixado claro que há insatisfação na Câmara, foi uma forma que Dilma Rousseff encontrou para acalmar os ânimos da crise. Terça e quarta-feira foram dias de retaliação ao governo no Congresso, com votações que chamaram 11 ministros a prestar esclarecimentos sobre assuntos diversos e ainda a presidenta da Petrobras, Graça Foster. Os deputados aprovaram também a criação de uma comissão externa para investigar denúncias envolvendo a estatal.

O PMDB negocia apoio do PT em oito estados para as eleições, em mais uma medida para conter a crise. A agenda da presidenta apontava para hoje uma reunião com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). O estado apresenta os conflitos mais acirrados  entre PT e PMDB, já que petistas não abrem mão da candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ao governo estadual e os peemedebistas exigem apoio do PT ao candidato de Cabral, o vice Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Com informações da Agência Brasil e do Brasil 247.