Bolsonaristas

Primeiras imagens desmentem agressores de Moraes. Mantovani e esposa depõem à PF

Acusados de agressão a Alexandre de Moraes e seu filho, empresário e a esposa prestam depoimento nesta terça-feira, na sede da Polícia Federal em Piracicaba

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Os supostos agressores de Alexandre de Moraes, ministro do STF: Andreia, Roberto Mantovani Filho e Alex Zanatta

São Paulo – A reprodução de parte das gravações das câmeras de segurança do aeroporto de Roma, que registram o ataque de bolsonaristas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), já desmente a versão dos agressores. Eles alegaram, por meio de seu advogado, em uma nota pública ainda no domingo (16), que o incidente foi um “mal entendido” e houve uma “confusão interpretativa” no episódio.

Roberto Mantovani Filho e a mulher prestam depoimento nesta terça-feira (18), na sede da PF em Piracicaba, interior de São Paulo. Segundo matéria de Malu Gaspar, do jornal O Globo, “os investigadores já sabem que a cena captada pelo circuito interno do aeroporto mostra Andréia ofendendo e xingando Moraes na área do embarque, próximo à sala VIP do aeroporto”.

A informação em poder da cúpula da PF, mesmo sem som, mostra “o gestual” de Andréia a “desafiar o ministro”, de acordo com a reportagem. Paralelamente, a Polícia Federal (PF) cumpre trâmites burocráticos formais na capital italiana, onde tem um adido como representante legal, para ter acesso ao conteúdo completo das gravações. Espera-se que as imagens sejam entregues à PF até sexta-feira (21).

O ex-candidato a prefeito de Santa Bárbara d’Oeste (SP) pelo PL, Mantovani, a esposa Andréia Mantovani e Alex Zanatta, genro de Mantovani, aparecem com postura agressiva em fotos no aeroporto.

Mantovani, o idoso, após ser candidato a prefeito pelo PL em 2004 e não se eleger, seria agora administrador de bens imobiliários, consultor empresarial e de equipamentos hidráulicos. Desde 2016 é filiado ao PSD.

Advogado: “nós estaremos esclarecendo” (sic)

Zanatta já foi interrogado pela Polícia Federal, ainda no domingo (16), e negou que tenha hostilizado o ministro do STF. Seu advogado, Ralph Tórtima Stettinger Filho, é o mesmo que defende os outros dois bolsonaristas. “Ele em absoluto fez qualquer ofensa ao ministro, mas nós estaremos esclarecendo (sic) isso nos autos e tudo será muito bem esclarecido no curso das investigações”, disse o advogado após o cliente depor.

À GloboNews, na segunda (17), o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que os suspeitos podem ter incorrido em crime contra a honra, de ameaça mesmo ataque ao Estado Democrático de Direito.

“É necessário que haja (investigação) para uma resposta legal para este fato. E também (para a) prevenção, para que outras pessoas não se sintam animadas a prosseguir nessa vereda reprovável de agressões em locais públicos”, disse o ministro.

Dino repetiu o que vem dizendo há meses: “Não há liberdade de expressão para cometimento de crimes. As pessoas criaram essa ideia falsa de que, em nome da liberdade de expressão, você pode agredir ou difamar. Não pode”, disse.

Mantovani depõe à PF

O empresário Roberto Mantovani depôs na manhã de hoje à PF. Antes do depoimento de sua esposa Andréia, o advogado falou a jornalistas e, como se poderia esperar, negou tudo. Segundo o defensor, não houve agressão a Moraes ou ao seu filho, não houve empurrão nem tapa que tenha derrubado os óculos do filho do ministro e Mantovani só chegou perto da confusão para “afastar” o filho de Moraes de perto de sua esposa.

Segundo o advogado Tórtima, seu cliente foi afastar “essa pessoa, que ele sequer sabia quem era, em razão de ofensas que eram proferidas à sua esposa”. O advogado salientou que, no momento da confusão, Roberto Mantovani sequer sabia que se tratava do filho de Alexandre de Moraes. O depoimento da esposa de Mantovani ainda está em andamento.

O 8 de janeiro não acabou

O professor de literatura comparada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) João Cézar de Castro Rocha, em entrevista ao Uol, diz acreditar que o ataque a Moraes mostra que “o 8 de janeiro não acabou”. Para ele, “o bolsonarismo se tornou terrorismo doméstico”. “O que eles fizeram com Alexandre de Moraes é uma advertência que nós temos que levar a sério.”

O professor defende que, se comprovado que houve uma agressão física contra o filho do ministro, Alexandre de Moraes, “essas pessoas precisam ir para a prisão”. Ele está lançando o livro Bolsonarismo – da guerra cultural ao terrorismo doméstico (Ed. Autêntica).

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