FRAGILIDADE

Prévias do PSDB e escolha de Doria escancaram crise e fragmentação do partido

Governador de São Paulo já acenou para possível chapa com ex-juiz Sergio Moro

FACEBOOK / PSDB
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Nas prévias do PSDB, João Doria recebeu 54% dos votos dos tucanos, enquanto Eduardo Leite, teve 44%

São Paulo – O governador de São Paulo, João Doria, foi escolhido no sábado (27) como pré-candidato do PSDB para as eleições presidenciais de 2022. Para o cientista político da Faculdade de Ciências Sociais da PUC de Campinas Vitor Bartella, as prévias do PSDB revelaram uma profunda crise enfrentada pelo partido, que se arrasta há alguns anos.

“O partido perdeu sua identidade e enfrenta cisões de rumo. Apesar de ser uma vitória do Doria, não foi unânime, o que mostra a fragmentação da sigla. Portanto, apesar da escolha do candidato, está longe de ter resolvido algo no PSDB”, afirmou Bartella, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

A votação das prévias tucanas começou no último dia 21, mas só foi concluída quase uma semana depois, em razão de falhas e troca de aplicativo. Nas prévias, Doria recebeu 54% dos votos dos tucanos, enquanto o governador gaúcho, Eduardo Leite, teve 44%. O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio obteve apenas 1,3%.

Acenos para Moro

Em entrevista à CNN, Doria disse ser “possível” uma aliança com Sergio Moro, ex-ministro da Justiça cotado como nome do Podemos para o Planalto. Para o cientista político, o tucano tende a ganhar mais com a união com o ex-juiz federal.

“Moro tem visibilidade nacional, algo que Doria não tem. Do outro lado, o tucano é forte regionalmente. Uma união entre ambos pode não ser absurda, porque existem mais afinidades entre eles do que contradições. O Moro busca dialogar com a direita liberal, então, pode ser uma possibilidade”, explicou.

Na avaliação de Bartella, o governador de São Paulo, como todo empresário, segue a ideologia do momento e tende a surfar na onda de Sergio Moro em 2022.” Ele diz o que as pessoas querem ouvir e se adapta a cada momento. Em termos do bolsonarismo, o Moro é uma figura que puxa votos dos apoiadores de Bolsonaro, diante de um cenário onde há apoiadores firmes do atual presidente. Mas se vão conseguir alcançar o poder eleitoral do Bolsonaro é algo duvidoso”, acrescentou.

Acompanhe a entrevista