Fake news

Polícia Federal desmente que idosa morreu após ser detida em acampamento golpista

A deputada Bia Kicis espalhou a mentira e depois recuou. Bolsonaristas usaram uma foto roubada, tirada de um banco de imagens gratuito

Marcelo Casal/Agência Brasil
Marcelo Casal/Agência Brasil
Acampamento no QG do Exército, em Brasília, que abrigava agitadores e terroristas, foi desmontado nesta segunda-feira

São Paulo – A Polícia Federal (PF), em nota, negou boato espalhado nas redes sociais segundo o qual uma idosa morreu no ginásio da Academia Nacional da instituição, no Distrito Federal. A fake news foi espalhada de dentro do próprio local onde estão os detidos que estavam no acampamento bolsonarista no Quartel-General do Exército, em Brasília, desmontado ontem (9).

Mas pessoas mais influentes também ajudaram a disseminar a mentira, como a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), em discurso no plenário da Câmara dos Deputados na noite de ontem. A parlamentar bolsonarista foi além, e afirmou que a Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) confirmou a informação. Mais tarde, voltou atrás e pediu “desculpas pelo equívoco”.

Antes de “reconhecer” o erro, Bia Kicis pintou a informação com cores dramáticas. “Acabo de receber uma notícia de que uma senhora veio a óbito hoje nas dependências da Polícia Federal. Não foi nas dependências da PM, não. Falo de uma senhora a quem foi negado comida e água e que, depois de horas, e horas, e horas a fio sendo destratada e descuidada, veio a falecer”, discursou a parlamentar extremista.

Foto “roubada”

Os bolsonaristas divulgaram a informação do suposto óbito “enriquecida” com uma foto também fake, que foi tirada de um banco de imagens gratuito. Segundo o portal g1, o fotógrafo Edu Carvalho afirmou que a imagem é da sogra dele, Deolinda Tempesta Ferracini, e foi usada indevidamente. Ela morreu em novembro de 2022, devido a um acidente vascular cerebral (AVC). O site Boatos.org também já desmentiu a informação falsa (veja aqui).

Nas redes, pessoas influentes protestam contra os bolsonaristas que, mesmo presos, continuam espalhando fake news. É o caso da jornalista Daniela Lima, da CNN. “Não param de mentir. Não cansam. É incrível. Mais do que presos em Brasília, estão presos na própria inverdade. Não conseguem, nem por um segundo, olhar os fatos como são. Que a força da realidade e da lei se imponha sobre essa gente inescrupulosa e sem vergonha”, postou Daniela no Twitter.

Na manhã de ontem, cerca de 1,2 mil pessoas foram retiradas do acampamento no QG militar e levadas ao ginásio da Academia Nacional da Polícia Federal, após a tentativa fracassada de golpe patrocinada por terroristas bolsonaristas que atacaram as sedes dos três poderes no último domingo.

PF tem canal para denúncias

A Polícia Federal criou um e-mail para receber informações sobre envolvidos nos atos do último domingo em Brasília. “Qualquer informação é bem-vinda”, anota a corporação. O e-mail é denuncia8janeiro@pf.gov.br.

O Ministério da Justiça também criou um canal para denúncias “para receber informações de terroristas que cometeram os atos”. O endereço eletrônico  é denuncia@mj.gov.br.

Leia mais: