Português claro

‘Perdeu, mané, não amola’, diz Barroso a bolsonarista (vídeo). MPF pede afastamento de diretor da PRF

Barroso usa português claro em reação a bolsonarista. Falta às instituições reagir com a força da lei ao golpismo de uma minoria ainda impune. MPF também reage a cumplicidade da PRF

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Golpistas tacham como "censura" exigência de que respeitem a lei e a vontade das urnas

São Paulo – O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso precisou de quatro palavras para explicar o que os derrotados na eleição presidencial de 30 de outubro anda não entenderam. A resposta foi dita durante mais um momento de perseguição e hostilidades a ministros do STF em Nova York. O bolsominion caminhava atrás do ministro, que estava acompanhado de Alexandre de Moraes. Dizia: “O sr. vai responder às Forças Armadas? Vai deixar o código-fonte ser exposto? O Brasil precisa dessa resposta, ministro, com todo o respeito”. Com todo o respeito, Barroso virou-se e disse: “Perdeu, Mané. Não amola!”

Há três dias os ministros Barroso, Moraes, além de Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowsky, passam por tentativas de agressão e constrangimento por parte de seguidores do atual presidente. Eles participam de um evento no Harvard Club, promovido por uma entidade empresarial, nesta segunda e terça-feira. Dias Toffoli também falou no evento.

Desde domingo (13), imagens divulgadas por canais bolsonaristas nas redes sociais mostram os ministros sendo provocados e xingados por golpistas que não aceitam a derrota. Barroso e Moraes foram perseguidos fora da área do evento. De acordo com informações da Folha de S. Paulo, a perseguição foi orquestrada durante o final de semana, em grupos bolsonaristas. 

Bolsonaristas contam com impunidade e dobram aposta no terrorismo. Matam indígena, atacam bispo, centro do MST e ministros do STF

O blogueiro Allan dos Santos, foragido da Justiça, é um dos agitadores que aparece em redes sociais tentando impulsionar atos contra a democracia e estimular o golpismo. Momentos antes do “perdeu, mané”de Barroso, postou provocações no Instagram.

Allan é um dos acusados de ser financiado por esquema de propagação de mentiras e desinformação, financiado por empresários – que também são alvos de investigação. A Polícia Federal não colocou o nome do blogueiro na lista de procurados pela Interpol. Desse modo, ele ainda não pode ser preso e deportado.

Golpismo e impunidade

Ainda nesta segunda, o Ministério Público Federal pediu afastamento cautelar por 90 dias do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. Para o MPF, Vasques cometeu atos de improbidade administrativa ao usar o cargo para favorecer Jair Bolsonaro na eleição presidencial. Os atos incluem ações da PRF para dificultar o deslocamento de eleitores no dia 30 de outubro. E também uma possível colaboração com golpistas que passaram a obstruir estradas e pedir intervenção militar do dia da eleição em diante. O diretor da PRF também já declarou apoio e pediu votos para Bolsonaro nas redes sociais.

Para o MPF, o diretor-geral da corporação fez “uso indevido do cargo, com desvio de finalidade, bem como de símbolos e imagem da Polícia Rodoviária Federal”. “É notório que após o anúncio do resultado das eleições, instalou-se no país um clima de instabilidade, o qual demandou a atuação imediata de vários órgãos. Não se pode afastar, de plano, que as manifestas preferências do requerido tenham influenciado e possam vir influenciar a condução das ações da PRF durante este momento de crise”, diz o MPF no pedido.

“Em 29 de outubro de 2022, sábado a noite e data anterior à realização do segundo turno das eleições, o requerido postou um stories de sua conta pessoal no Instagram, pedindo explicitamente voto para o presidente da República e candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro. O fato gerou repercussão nas redes sociais e foi noticiado pela imprensa”, diz o MPF.


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