Casal Bolsonaro

Parlamentares pedem à PGR investigação do caso das pedras preciosas de Jair e Michelle

Ex-presidente e sua esposa receberam caixa com pedras preciosas faltando quatro dias para o segundo turno das eleições. Deputada suspeita que origem seria o garimpo ilegal

Carolina Antunes/PR
Carolina Antunes/PR
E-mails da Presidência mostram que pedras ganhas pelo casal não deveriam ser cadastradas, mas "entregues em mãos"

São Paulo – Deputados federais e senadores entraram na Procuradoria-Geral da República (PGR) com pedido de investigação do recebimento de pedras preciosas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle. O caso veio à luz na sessão da CPMI dos Atos Golpistas, na terça-feira (1°), quando Jandira Feghali denunciou que o ex-presidente e sua esposa receberam um envelope e uma caixa com as pedras, faltando quatro dias para o segundo turno das eleições. Esse material não consta da lista de 46 páginas e 1055 itens recebidos durante os quatro anos do mandato de Bolsonaro.

Assinam a representação à PGR os deputados Jandira Feghali (Psol-RJ), Rogério Correia (PT-MG), Duarte Jr. (PSB-MA), Henrique Vieira (Psol-RJ) e Rubens Pereira Junior (PT-MA). E os senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP), Fabiano Contarato (PT-ES) e Jorge Kajuru (PSB-GO)

Os congressistas pretendem entrar com representações também no Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunal de Contas da União (TCU) e pedir investigação na Polícia Federal.

Na quarta-feira (2), o jornal O Estado de S. Paulo revelou que e-mails da Presidência da República mostram que Jair e Michelle Bolsonaro foram “presenteados” com um pacote contendo as “pedras preciosas” quando passaram por Teófilo Otoni (MG). As mensagens são datadas de 26 de outubro a 11 de novembro de 2022.

Origem seria garimpo ilegal

A deputada fluminense levantou a suspeita de que a origem das pedras preciosas seria o garimpo ilegal, “financiador de todos os atos golpistas e de questionamento das eleições”. Na CPMI, Jandira disse que a informação está em relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entregue à comissão. No documento, aparecem nomes de “vários garimpeiros e empresas ligados ao garimpo ilegal”, segundo ela.

Dirigentes das principais associações de garimpo figuram como financiadores dos bloqueios de estradas, acampamentos ilegais e ataque aos Três Poderes no 8 de janeiro. Jandira cita os garimpeiros Roberto Katsuda e Henrique Laureano.

Ordem para não cadastrar

Na petição encaminhada à PGR, os deputados e senadores dizem que “chama-se a atenção à ordem expressa (dos auxiliares de Bolsonaro) para que as pedras preciosas não fossem cadastradas no acervo da União”. Nas alegações, os parlamentares questionam: “quem presenteou Jair Bolsonaro? Qual o motivo da recusa em cadastrar o presente?”.

Em um e-mail de 27/10/2022, assinado por Cleiton Henrique Holzschuk, então coordenador administrativo da Ajudância de Ordens da Presidência da República”, as instruções são claras: “foi guardado no cofre grande, 01 (um) envelope contendo pedras preciosas para o PR (presidente da República) e 01 (uma) caixa de pedras preciosas para a PD (primeira-dama), recebidas em Teófilo Otoni em 26/10/2022. A pedido do TC Cid, as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele. Demais dúvidas, Sgt Furriel está ciente do assunto”.

O que quer Arthur Maia?

Apesar de tudo isso, Jandira denuncia em sua conta no Twitter que o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), embora tenha “o comando da pauta”, recusou colocar em votação os Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) das movimentações nas contas de Jair e Michelle Bolsonaro. “Por isso, apresentei um requerimento extra pauta, porque o pedido está absolutamente dentro do escopo das investigações sobre quem financiou e planejou o processo golpista”.

A parlamentar argumenta que Jair e Michelle “estão no núcleo dos atos antidemocráticos, e não podemos ser impedidos de investigar suas contas”. Além disso, “as constantes movimentações de Mauro Cid nas contas de Michelle serviram para financiar este processo”, alega a deputada.

Leia mais:


Leia também


Últimas notícias