CPMI do 8 de janeiro

Flávio Dino responde provocação de Arthur Maia: ‘Não adianta ficar inventando fatos’

Ao dar 48 horas para ministro da Justiça enviar imagens do 8 de janeiro ao colegiado, presidente da CPMI, Arthur Maia, satisfaz os interesses do bolsonarismo

José Cruz/Agência BRasil
José Cruz/Agência BRasil
"Um domínio do território, como milícias e facções que se estabeleceram no Rio de Janeiro, é ou não é, materialmente falando, ato de terrorismo?"

São Paulo – Depois da atitude do presidente da CPMI do 8 de janeiro, o deputado Arthur Maia (União-BA), de dar 48 horas para o ministro da Justiça, Flávio Dino, enviar à comissão as imagens das câmeras do prédio do Ministério no dia dos ataques à Praça dos Três Poderes por terroristas bolsonaristas, Dino responde ao parlamentar em sua conta no Twitter.

Sem citar nomes ou a atitude de Maia especificamente, Dino afirmou que não adianta “inventar fatos”. Ele publicou postagem com o seguinte teor:

“1. Tentaram fraudar a eleição de 2022 para ficar no poder. Ainda assim, perderam.
2. Tentaram dar um golpe de estado entre outubro de 2022 e janeiro de 2023. Perderam novamente.
3. Tentaram explodir o aeroporto de Brasília e matar centenas de pessoas. Não conseguiram.
Essas são verdades comprovadas. Não adianta ficar inventando “fatos” para encobrir tais verdades.

E vamos seguir governando e cuidando da população. Muito trabalho para reconstruir o Brasil.”

Na mesma rede social, além da medida adotada na própria CPMI, na oitiva do ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha, Maia justificou: “Decidimos dar um prazo de 48 horas para que o ministro Flávio Dino entregue as imagens das câmeras do Ministério da Justiça do dia 8/01. Caso o ministro insista em sua negativa, vamos pedir ao STF que determine o compartilhamento imediato”.

“Se aceitarmos passivamente esse tipo de comportamento, a CPMI do 8 de janeiro estará condenada ao ridículo”, acrescentou Maia, sem explicar a que tipo de comportamento de Flávio Dino se refere.

Arthur Maia tem postura ambígua

O presidente da CPMI tem tido postura ambígua no comando do colegiado que deveria ter foco na apuração do 8 de Janeiro. Sua conduta tem sido condescendente com as atitudes bolsonaristas recorrentes, de sempre causar tumulto quando os depoimentos estão em desacordo com seus interesses. A cobrança de Maia sobre Dino só interessa a eles.

“Não foi no Ministério da Justiça que ocorreram as quebradeiras do dia 8, que foram incentivadas pelo bolsonarismo. A nós não interessa de forma nenhuma fazer cortina de fumaça, tentar mirar onde não se deve, porque precisamos exatamente descobrir como foi todo esse processo”, contra-atacou o deputado Rogério Correia (PT-MG).

Em outro momento da sessão, depois de ser interrompido várias vezes por parlamentares aliados dos vândalos bolsonaristas, e ter um pedido de reposição de tempo negado por Arthur Maia, Correia acusou o presidente da CPMI de ser parcial. “O presidente não pode ter lado. Não é verdade que a esquerda interrompeu. Vossa excelência participa da chacota que eles fazem aqui”, disse.

Polícia Federal e Ministério da Justiça

Embora a Polícia Federal seja subordinada ao Ministério da Justiça, Flávio Dino não pode, como ministro, simplesmente passar por cima do órgão, recolher os documentos da investigação sigilosa e entregar à comissão, só porque Arthur Maia quer. Essa seria uma atitude de interferência na PF, típica de Jair Bolsonaro.

Com essa série de atitudes, Maia ajuda a oposição bolsonarista a tumultuar o ambiente político e colocar a verdadeira vítima dos ataques golpistas (o governo Luiz Inácio Lula da Silva) como culpado pelo 8 de janeiro, colando no governo a pecha de omisso.

O diretor-geral da PF atualmente é Andrei Rodrigues. Nesta segunda (31), ele disse as ações contra envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro vão continuar. Ele acrescentou que a PF quis remover os acampamentos golpistas montados nas imediações dos QGs do Exército, mas os militares não permitiram.

A postagem de Dino:


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