Família investigada

Advogado deixa a defesa de Michelle Bolsonaro no caso das joias

Advogados de Bolsonaro pretendem unificar a defesa do casal, após defensor de Mauro Cid afirmar que dinheiro do Rolex desviado pode ter ido para a ex-primeira-dama

Zack Stencil/PL
Zack Stencil/PL
Ex-advogado de Michelle queria que Bolsonaro a isentasse no escândalo das joias

São Paulo – O advogado Daniel Bialski, que atuava na defesa de Michelle Bolsonaro na investigação do escândalo das joias, deixou o caso nesta terça-feira (22). Ele assumiu a defesa da ex-primeira-dama na semana passada, após a Polícia Federal (PF) pedir a quebra dos sigilos bancário e fiscal dela e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Por meio de nota, Bialski informou que a decisão foi de “comum acordo”. E que Michelle passará a ser representada pelos mesmos advogados que fazem a defesa do marido.

“Informo que de comum acordo com os interesses da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, deixarei de patrocinar sua defesa no Inquérito nº 4.874/DF (Pet.11645), justamente porque os advogados que atualmente representam o Ex-Presidente Jair Bolsonaro poderão e a representarão habilmente, daqui por diante, neste caso”, informou o advogado.

De acordo com a jornalista Andréia Sadi, do G1, os advogados de Bolsonaro pretendem unificar a defesa do casal. Bialski, no entanto, era contra. Isso porque Michelle ainda está elegível e pode sofrer prejuízo político eleitoral caso seja condenada. Até então, a intenção da defesa da Michelle era que Bolsonaro isentasse a esposa de qualquer participação no esquema de venda ilegal de joias.

Dinheiro para Michelle?

A mudança de estratégia da defesa de Bolsonaro revela temor com o agravamento das investigações. Na sexta-feira passada (18), o advogado Cezar Bitencourt, que representa o tenente-coronel Mauro Cid, complicou a ex-primeira-dama. Em entrevista à GloboNews, ele disse que o militar entregou para Bolsonaro ou para Michelle o dinheiro referente à venda de um relógio Rolex, avaliado em US$ 51 mil (cerca de R$ 253 mil) recebido como presente da Arábia Saudita.

“[O dinheiro] foi para Bolsonaro ou para a primeira-dama. Para eles, né?! Não tinha outra forma de fazer as coisas. Se eu executo a venda para alguém, para meu chefe, de alguma coisa que lhe pertence, eu tenho que prestar contas. Eu chego ‘olha, o resultado está aqui’. Foi isso que aconteceu”, disse o advogado.

Ontem, em entrevista à CNN Brasil, Bitencourt reafirmou que Cid vai confessar o crime. “As provas estão aí. Aconteceu, ele (Cid) realizou, ele vai admitir”. Tentando se livrar da culpa, Bolsonaro afirmou, durante o fim de semana, que seu ex-ajudante de ordens “tinha autonomia”.

Cabe lembrar que a CPMI que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro teve acesso a documento que revela que Michelle não terá direito a nenhum dos bens adquiridos por Bolsonaro, nem antes nem depois do casamento, em caso de separação. O pacto antenupcial de separação foi descoberto nos e-mails que o tenente Osmar Crivelatti – braço direito de Cid na ajudância de ordens – esqueceu de apagar. Daí que ela poderia ter agido para ficar com parte do dinheiro das joias.


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