Sinal vermelho

PF pede quebra do sigilo bancário de Bolsonaro e Michelle; auxiliares veem possível prisão em breve

Ministro Alexandre de Moraes analisa solicitação na próxima semana; general do Alto Comando do Exército está envolvido no esquema de venda de joias

Alan Santos/PR e Roberto Oliveira/Alesp
Alan Santos/PR e Roberto Oliveira/Alesp
Bolsonaro tinha como ajudante de ordens Mauro Cid, filho do general que negociava as joias ganhas pelo ex-chefe de governo

São Paulo – A quebra dos sigilos bancário e fiscal de Jair Bolsonaro (PL) e Michelle Bolsonaro foi pedida pela Polícia Federal. A investigação apura venda ilegal de presentes oficiais recebidos pelo ex-presidente de autoridades de outros países. Preocupados, auxiliares mais próximos do ex-presidente já trabalham com a hipótese da sua prisão a qualquer momento.

As apurações policiais podem comprovar a acusação de que Bolsonaro é o líder de uma organização criminosa que faz o desvio de bens públicos para enriquecimento pessoal.

Aliados de Bolsonaro demonstram preocupação com sua possível prisão. Eles consideram que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou ações de busca e apreensão contra os aliados mais próximos do ex-presidente da República seja parte do caminho que o levará para trás das grades.

De acordo com o jornal O Globo, um interlocutor de Bolsonaro disse que “a decisão [de Alexandre de Moraes] menciona Bolsonaro do começo ao fim. É o prenúncio de uma decisão mais drástica no futuro”.

Mas a decisão mais drástica e com maior impacto em todo esse contexto seria o pedido de quebra de sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro feito pela Polícia Federal. Alexandre de Moraes deve decidir na próxima semana sobre a quebra dos sigilos.

O cenário é de grande tensão. Há até mesmo assessores que nem discutem mais de Bolsonaro será preso ou não, mas sim quando isso irá ocorrer. Segundo o ministro Moraes, o avião presidencial foi utilizado para retirar pelo menos quatro conjuntos de joias recebidos em viagens internacionais.

Ontem, com a operação Lucas 12:2, a PF chegou pela primeira vez a um ex-integrante do Alto Comando do Exército (ACE). O nome da ação é referência ao versículo bíblico que diz que “não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”.

Integrante do ACE, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid é pai do ajudante de ordem do ex-presidente, Mauro Cid. A residência de Lourena Cida foi alvo de busca e apreensão na manhã de sexta-feira (11) pela PF.

Também pela primeira vez, o rumo das investigações da PF coloca Bolsonaro dentro do esquema criminoso de desvio de dinheiro público e enriquecimento ilícito.

O general Lourena Cid, paraquedista, fez parte da mesma turma de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 1977 (Turma 31 de março). É o único oficial da Artilharia do Exército da Turma AMAN 1977 que chegou à 4ª estrela e ao ACE.

Mensagens obtidas pela PF e demais provas confirmam a participação de outros auxiliares do ex-presidente nas negociações de venda e recompra de joias. São eles Mauro Cid, Oscar Crivelatti e Frederick Wassef. Os valores obtidos nessas negociações, segundo relatório da PF, foram convertidos em dinheiro vivo e tiveram como destino final o patrimônio pessoal dos investigados.

No áudio obtido com a quebra de sigilo telefônico de Mauro Cid é possível saber que o militar sugere que seu pai, o general Lourena Cid, estava com US$ 25 mil em espécie que pertenceriam a Bolsonaro.

Acuado, Bolsonaro e seus filhos não vieram a público para dar explicações. Advogados do ex-presidente disse na noite de sexta-feira que a movimentação bancária dele está à disposição das autoridades. E negaram que ele tenha se apropriado ou desviados bens públicos.


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