Tudo joia?

Na mira da PF, Michelle Bolsonaro contrata advogado de Zambelli

PF quer a quebra dos sigilos bancário e fiscal da ex-primeira-dama, mas já teria “elementos suficientes” para pedir o seu indiciamento no caso que investiga a venda ilegal de joias

Zack Stencil/PL
Zack Stencil/PL
“Com toda certeza vai ser indiciada. Sem dúvida alguma”, disse um agente da PF, segundo Andréia Sadi

São Paulo – A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro contratou o advogado criminalista Daniel Bialski para representá-la na investigação do escândalo das joias. A decisão ocorre após a Polícia Federal (PF) pedir a quebra dos sigilos bancário e fiscal dela e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve decidir nesta semana sobre as quebras.

O advogado informou, em nota, que pediu “acesso aos autos para conhecer quais as suspeitas existentes e que eventualmente mencionam“. Além disso, ele afirmou que “a Sra. Michelle Bolsonaro está absolutamente tranquila porque não participou e desconhece ter ocorrido irregularidade ou ilicitude”.

Bialski também atua na defesa da deputada Carla Zambelli (PL). Três ministros do STF já votaram para torná-la ré por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo, durante perseguição a um homem negro um dia antes do segundo turno da eleição de 2022.

A ex-primeira-dama também deverá depor à PF na investigação que apura venda ilegal de presentes de luxo recebidos pelo ex-presidente. No entanto, de acordo com a jornalista Andréia Sadi, do G1, não há pressa em ouvi-la, pois os investigadores já teriam elementos suficientes para pedir o seu indiciamento no caso. “Com toda certeza vai ser indiciada. Sem dúvida alguma”, afirmou um agente da PF.

Enrolex

Os envolvidos no esquema das joias são suspeitos dos crimes de peculato (que é o desvio de recursos públicos) e lavagem de dinheiro. A PF já identificou quatro conjuntos de joias que foram ofertados em leilão ou venda direta nos Estados Unidos. O esquema seria operado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid.

Outro ex ajudante de ordens, tenente Oscar Crivelatti, e o advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, estariam envolvidos no esquema. Os valores obtidos nessas negociações, segundo relatório da PF, foram convertidos em dinheiro vivo e tiveram como destino final o patrimônio pessoal dos investigados. O grupo foi alvo de mandados de busca e apreensão na última sexta (11).

Para tentar encobrir o crime, o grupo teria recomprado dois conjuntos de joias. Por exemplo, teria viajado aos Estados Unidos para recomprar um Rolex de ouro branco, presenteado pela Arábia Saudita em 2019. A PF teria inclusive o recibo de compra do item emitido em nome do advogado do presidente, que entregou o item a Cid, que repassou ao outro ajudante de ordens. O intuito era devolver as joias, após o Tribunal de Contas da União (TCU) determinar a devolução dos itens de valor que Bolsonaro tentou desviar para o seu acervo pessoal.

Joia embaixo da cama

Mensagens eletrônicas de ex-ajudantes de ordens do ex-presidente também revelaram que Michelle esqueceu uma caixa com joias embaixo de uma cama na Embaixada do Brasil em Londres. O casal presidencial esteve na capital britânica para o funeral da rainha Elizabeth 2ª em setembro do ano passado. Após autorização de Mauro Cid, caixa de papelão com as joias foi trazida de volta ao Brasil por um sargento.

Em nota, a ex-primeira-dama disse que o objeto não era dela, e foi trazido ao país indevidamente. Michelle disse que a caixa seria um presente de um “anônimo” para o príncipe Charles. Afirmou também se tratar de um “adereço de pescoço, aparentemente de fabricação artesanal”, que foi entregue a uma assessora sua por um desconhecido.


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