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Mauro Cid e Anderson Torres têm sigilos quebrados pela CPMI dos atos golpistas

Torres presta depoimento à comissão na próxima terça-feira (8), quando deve ser questionado sobre a “minuta do golpe” e sua omissão frente aos ataques de 8 de janeiro

Lula Marques/Marcelo Camargo/Agência Brasil
Lula Marques/Marcelo Camargo/Agência Brasil
Quebra de sigilo deve explicar movimentação milionária na conta de Cid

São Paulo – A CPMI dos atos golpistas aprovou nesta quinta-feira (3) as quebras de sigilo telefônico e telemático, bancário e fiscal do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres.

Torres será ouvido pela CPMI na próxima terça (8). Em janeiro, ele chegou a ser preso por suspeita de omissão durante os atos golpistas em 8 de janeiro. Foi solto em maio, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), após passar quase quatro meses detido.

Em operação da Polícia Federal que antecedeu a sua prisão, foi encontrada na casa do ex-ministro uma “minuta do golpe” que autorizaria o então presidente Bolsonaro a decretar Estado de Defesa sobre o TSE. Além disso, Torres também deverá explicar a ação coordenada da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia 30 de outubro de 2022, quando a corporação fez blitze em todo o Nordeste brasileiro para impedir eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de chegar aos locais de votação.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), disse que há “grande expectativa” pelo depoimento de Torres. Por outro lado, disse acreditar que sua defesa deve apresentar um habeas corpus para que ele fique em silêncio, mas ainda assim “ele poderá responder perguntas que não o incriminem”.

Seguindo o dinheiro

Já Cid compareceu fardado à comissão no mês passado, mas abusou do direito ao silêncio. Ele está preso desde 3 de maio, quando começou a ser oficialmente investigado pela Polícia Federal (PF) por participar de esquema de supostas fraudes no cartão de vacinação. Durante a investigação, os policiais também encontraram mensagens de conteúdo golpista no celular do “braço direito” de Bolsonaro. Ele se calou quando questionado a respeito do conteúdo dessas conversas com outros militares e pessoas próximas ao ex-presidente.

Além disso, na semana passada, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação “atípica” e “incompatível” nas contas bancárias do ex-ajudantes de ordens. Somente entre junho de 2022 a janeiro deste ano, ele movimentou R$ 3,2 milhões, valor incompatível com sua renda, patrimônio ou “capacidade financeira”, de acordo com o documento. Agora, a quebra de sigilo deve dar acesso a movimentação bancária completa do militar no período investigado.

Durante a sessão, a CPMI ainda quebrou os sigilos do general Carlos Eduardo Feitosa Rodrigues, nomeado servidor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Bolsonaro e do coronel André Luiz Garcia Furtado, servidor do GSI que esteve no Palácio do Planalto no dia dos atos golpistas. A quebra de sigilo inclui ainda George Washington Sousa, condenado por tentar colocar uma bomba em um caminhão no Aeroporto de Brasília em dezembro de 2022.