Nesta segunda

Anderson Torres depõe à PF sobre operações da PRF para sabotar eleições em 2022

Entre as questões que terá de responder, ex-ministro de Bolsonaro teria comandado esquema para impedir eleitores do então candidato Lula de chegar aos locais de votação em 30 de outubro

Segundo as apurações, Torres foi à Bahia em um avião da FAB dias antes do segundo turno, para conspirar

São Paulo – Preso e investigado por sua contribuição para os atos de terrorismos contra Brasília no 8 de janeiro de 2023, o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro Anderson Torres volta a depor nesta segunda-feira (8), mas desta vez sobre outro inquérito. Deverá explicar a ação coordenada da  Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia 30 de outubro de 2022, quando a corporação fez blitze em todo o Nordeste brasileiro para impedir eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de chegar aos locais de votação.

O depoimento de Torres – que naquele dia já havia sido nomeado secretário de Segurança Pública do governo de Ibaneis Rocha no Distrito Federal – deve ocorrer no Batalhão de Aviação Operacional da Polícia Militar do DF, onde está preso desde 14 de janeiro, às 14h30 desta segunda-feira. Ele tem o direito de ficar calado.

O depoimento estava incialmente agendado para 24 de abril, mas foi adiado a pedido da defesa, sob a alegação de que o ex-ministro estava sem condições emocionais. 

As investigações mostram que Torres teria recebido um “boletim” da então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, delegada Marília Alencar, e relatórios que mapeavam os locais onde Lula havia sido mais bem votado no primeiro turno, para montar as operações da PRF e dificultar acessos aos locais de votação.

A delegada teria tentado apagar o boletim de inteligência do seu celular, mas a PF recuperou parte do material. Na ocasião, Marília negou.

Segundo as apurações, Torres foi à Bahia em um avião da FAB dias antes do segundo turno, na companhia do diretor da PF Marcio Nunes, para pressionar o então superintendente regional, Leandro Almada, no sentido de apoiar as operações da PRF.

Relatório confirma “atipicidade”

De acordo com um relatório do Ministério da Justiça entregue à Controladoria Geral da União (CGU), a PRF fiscalizou 2.185 ônibus onde Lula era favorito no Nordeste, enquanto as “batidas” foram de  571 no Sudeste, 632 no Sul e 310 no Norte do país.

Em 20 de abril, quando esses dados foram divulgados, o ministro da Justiça, Flávio Dino, apontou “uma convergência” entre eles e as ações suspeitas da PRF. “Os números vão convergindo e mostrando uma atipicidade, uma anormalidade, nessa operação realizada no segundo turno, e foi isso que foi entregue à CGU (Constroladoria Geral da União), por determinação da própria CGU, e também encaminhados à Polícia Federal”, disse.

Solidariedade bolsonarista a Anderson Torres

Membros da tropa de choque bolsonarista mais radical do Senado Federal visitaram Anderson Torres no sábado, sob autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), chefiou o grupo, que tinha ainda os senadores Eduardo Gomes (PL-TO), Jorge Seiff (PL-SC), Magno Malta (PL-ES) e Márcio Bittar (União-AC).

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