Debate

Para Lula, o que está em jogo na eleição é avanço ou retrocesso social

'Quem quiser ganhar de nós vai ter de trabalhar muito', diz ex-presidente em evento da CUT. Sem citar nomes, ele afirma que outros candidatos foram feitos para governar 'para o andar de cima'

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Lula: ‘Trabalhadores não podem se contentar com o que têm. Desejos e necessidades aumentam’

São Paulo – O discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da 14ª plenária da CUT, ontem (28) à noite, procurou demarcar projetos e interesses em disputa na eleição deste ano. Ao público de centenas de sindicalistas, ressaltou a questão social. “O que está em jogo nas próximas eleições é se a gente quer subir mais um degrau nas nossas conquistas ou se retrocede um degrau”, afirmou. Ele pediu confiança e empenho na campanha. “Nós vamos ter de levantar a cabeça, estufar o peito, sem arrogância, e dizer que quem quiser ganhar de nós vai ter de trabalhar muito mais”, disse Lula no final do pronunciamento de 47 minutos, encerrado depois das 22h. Nesse tempo, o ex-presidente brincou, lançou desafios, disse não temer o debate sobre corrupção, defendeu a presidenta Dilma Rousseff e chorou ao lembrar um encontro com uma catadora de papel, em Belo Horizonte, no final de seu governo, em 2010.

Segundo lembrou Lula, a trabalhadora disse na ocasião que a principal conquista foi ter “o direito de andar de cabeça erguida”. Ele citou o episódio para fazer outra comparação com adversários eleitorais, sem citar nomes, mas considerando pouco provável vê-los reunidos com catadores de papel, hansenianos, representantes LGTB, trabalhadores rurais e sem-teto. “Eles foram feitos para governar para o andar de cima. Não queremos tirar nada deles, mas queremos o mesmo tratamento. E queremos chegar da melhor forma possível, com o nosso trabalho.”

Ao lembrar aos delegados da plenária cutista que não há compromisso mais importante até 5 de outubro do que as eleições, o ex-presidente fez questão de abordar o tema da corrupção. “Vocês vão ser provocados nas ruas”, alertou aos militantes. “Estamos preparando material para enfrentar esse debate. Duvido que os últimos dez presidentes fizeram 50% do que eu fiz para combater a corrupção”, disse Lula.”

“Esse é um debate que não temos medo. A única denúncia que a direita tem contra a esquerda é a corrupção, e não precisam nem provar.” O ex-presidente acrescentou, no entanto, que “se entre nós tiver alguém que errou, que pague”.

Ele ressaltou conquistas obtidas pelos trabalhadores durante seu governo e o de Dilma, e disse considerar normal que eles queiram mais. “Os trabalhadores não podem se contentar com o que têm. Os desejos e as necessidades aumentam. (…) Não foi possível fazer tudo, mas vamos avaliar o que a gente era e o que gente virou.”

Lula afirmou estar cumprindo uma “agenda sindical intensa” nos últimos dias. Já foi ao congresso estadual dos químicos ligados à Força Sindical em São Paulo e à posse da diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, irá à plenária de sindicalistas de várias centrais em apoio a Dilma, no próximo dia 7, e anunciou viagens para alguns estados. A presidenta também deverá participar da plenária da CUT, na próxima quinta-feira, em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo.

Lula, que está lendo um dos livros sobre Getúlio Vargas escrito pelo jornalista Lira Neto, falou dos ataques sofridos pelo ex-presidente para lembrar de ofensas recebidas por Dilma. “Eles não admitem o compromisso ideológico da Dilma. Eles sabem que ela tem lado.”