Conjuntura

Padilha: ainda não há datas para apresentação do marco fiscal e viagem de Lula à China

Segundo ministro das Relações Institucionais, arcabouço fiscal será discutido internamente nos próximos dias e Pequim estuda nova agenda

Reprodução/TV Brasil
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“Só pode vir coisa boa da dupla Haddad e Lula na decisão sobre os nomes do Banco Central”

São Paulo – Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (27), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em recuperação de uma pneumonia, deve se manter até pelo menos quarta-feira no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência. Segundo ele, o novo marco fiscal da economia brasileira será discutido internamente, no âmbito do governo, durante a semana. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, coordena a proposta.

Padilha informou que ainda não foi definida data para a viagem do presidente à China, que, de acordo com ele, tem “muito interesse” que o presidente brasileiro vá ao país. O ministro acrescentou que Pequim manifestou “total compreensão” em relação ao cancelamento da viagem pelo Palácio do Planalto e que futuramente será definida a nova data, ainda incerta.

Congresso

Em relação à tramitação das medidas provisórias e também da âncora fiscal, quando lançada, Padilha afirmou que a expectativa é de um “ambiente muito positivo” no Congresso Nacional. O texto do arcabouço fiscal será um projeto de lei complementar, que exige um quórum diferenciado de 257 votos (maioria absoluta) para a sua aprovação. “O governo aprovou tudo o que foi preciso aprovar até agora”, disse.

O ministro disse que o governo quer que a regra a ser definida “ultrapasse os governos” e, assim, vá além do próprio governo Lula. Nesta tarde, Padilha teria uma agenda com os líderes do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se reuniria com líderes partidários da base governista e da oposição na tarde de hoje, para discutir o impasse em torno do rito de tramitação das medidas provisórias. De acordo com Padilha, a reunião do presidente da Câmara com Lula no Alvorada foi em clima “extremamente amistoso” e teve um “tom de diálogo institucional, não teve qualquer tom de ameaça”.

A semana passada terminou com clima tenso no Legislativo, com uma crise institucional entre Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Banco Central

Padilha foi questionado sobre os dois nomes que serão indicados por Lula, sob orientação de Haddad, para as diretorias do Banco Central (BC). As decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) são tomadas pelos oito diretores e o presidente do BC, que hoje é Roberto Campos Neto.

O governo evita falar em nomes, mas a imprensa divulgou que os escolhidos são Rodolfo Fróes, para diretoria de Política Monetária, e Rodrigo Monteiro, que vai ocupar a diretoria de Fiscalização. Apesar de as decisões serem do grupo do conselho como um todo, o responsável pela Política Monetária é considerado influente nas decisões sobre juros, que provocaram os “ruídos” entre Lula e o Banco Central até agora.

Depois de indicados, os nomes são sabatinados na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e depois aprovados no plenário da Casa. “Só pode vir coisa boa da dupla Haddad e Lula na decisão sobre nomes do BC”, afirmou Padilha.