Eleições

Nunes não tem projeto e representa o elitismo em São Paulo, afirma professor da FGV

Em entrevista ao “TVT Cidades”, Francisco Fonseca avalia o cenário da disputa paulistana e as forças que movem Ricardo Nunes

Divulgação
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Para professor, gestão Nunes tem 'perspectiva autoritária' e exclui participação social

São Paulo – O professor de Ciências Políticas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Francisco Fonseca afirma que o candidato à reeleição para a prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), não tem projeto. Mais do que isso, está totalmente vinculado ao bolsonarismo e a um viés elitista de gestão. Assim, não passam por seu gabinete propostas para solucionar problemas históricos da capital. Fonseca analisou o cenário da disputa eleitoral de outubro na capital paulista em entrevista no quadro TVT Cidades, da TVT.

Inicialmente, Fonseca traçou três problemas centrais da cidade que precisam de enfrentamento, por influenciar em outros setores, segundo ele: moradia, transporte e concentração dos empregos no centro. Assim, o cientista político analisou duas propostas que estão desenhadas para a disputa eleitoral. Primeiro, a do bolsonarista Nunes e, em contrapartida, do deputado federal e líder social Guilherme Boulos. O deputado sairá candidato por seu partido, Psol, em aliança com o PT, que indicou a ex-prefeita Marta Suplicy para compor a chapa.

Exclusão e desigualdade

Para o professor, há uma distinção completa entre as propostas. “Temos cidade marcada pela exclusão e pela desigualdade. Uma marca histórica do Brasil e de São Paulo. Observamos a desigualdade em várias dimensões. Então, temos dois projetos. Um deles está no poder. A rigor, não tem projeto”, avalia. “O que vemos nas subprefeituras? Aparelhamento, falta de orçamento, falta de participação popular. A ideia de que a sociedade civil participe do ponto de vista local, por exemplo, no orçamento, não há. Temos ausência de participação”, afirma.

Além de questões que evidenciam o viés elitista do governo Nunes, sua aproximação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também preocupa. “De fato, a gestão Nunes tem a marca de denúncias, escândalos e também da compra de matérias em jornais (…) Também temos que falar que o projeto Nunes está vinculado ao Jair Bolsonaro. Não à toa, ele esteve na Avenida Paulista para apoiar o golpe, anistia. Para defender uma perspectiva autoritária. Toda sua gestão tem essa marca.”

Contudo, justamente essa aproximação pode ser decisiva para uma eventual derrota de Nunes, avalia Fonseca. “Sobre a polarização, tem um fator que pode mudar um pouco as coisas, que é a prisão do Bolsonaro. Não há dúvidas de que ele será preso, a questão é quando. O conjunto de provas documentais, testemunhais, é de uma tal monta, que vimos generais das três armas que ele queria o golpe. Tem e-mail, telefone, reuniões, minuta. Se não são provas, o que será? É um dado que pode afetar as eleições municipais.”

Alternativa Boulos

Do outro lado da polarização, está a figura de Boulos. A ascensão política do pré-candidato está diretamente relacionada aos problemas centrais da cidade. Particularmente da habitação, onde ele militou por anos com líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST).

“Tem um projeto de uma liderança popular relevante e inovadora, que é o Guilherme Boulos. Ele tem uma militância de organização. E habitação está ligada a emprego, saúde, transporte. Boulos hoje representa, por isso o apoio de Lula é importante, a renovação e um projeto popular. O Brasil é um país elitista. Nunes é a representação do elitismo. Boulos representa o enfrentamento aos grandes gargalos”, compara o professor.

Assista à entrevista na íntegra: