Soma ou subtração?

Meio ambiente perde com ‘supersecretaria’ de Tarcísio em SP

“Uma pasta que terá um orçamento gigantesco, mas sem um olhar para as necessidades específicas de cada área”, criticou a deputada Marina Helou (Rede-SP)

Divulgação/GOVSP
Divulgação/GOVSP
Tarcísio quer contratar psicólogos e segurança privada nas escolas, mas não deu detalhes

São Paulo – A equipe de transição do governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou nesta sexta-feira (25) novos nomes que vão compor o secretariado do novo governo. Tarcísio escolheu o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) como futuro secretário de Governo. O advogado Arthur Lima será o secretário-chefe da Casa Civil. Mas o que chamou mais a atenção foi a criação de uma “superpasta” unindo as atuais secretarias de Logística e Transportes com a de Infraestrutura e Meio Ambiente.

Para comandar a “supersecretaria”, Tarcísio escolheu a procuradora Natália Resende. Atualmente, ela é consultora jurídica no Ministério da Infraestrutura, onde trabalhou ao lado do governador eleito. Natália é mestre e doutoranda em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos pela Universidade de Brasília (UnB), com foco em Regulação de Infraestruturas de Rede.

“São duas pessoas que tive a liberdade de levar para trabalhar comigo no Ministério da Infraestrutura e agora estarão na nossa equipe de governo para construir o mesmo legado pela população de São Paulo. Mais dois profissionais com capacidade e perfil técnico que os cargos exigem, além de contar com a minha total confiança”, disse Tarcísio, se referindo a Lima e Natália.

Contudo, a fusão das pastas causou uma série de críticas entre ambientalistas. A preocupação é que, por trás da gestão supostamente “técnica”, as pautas ambientais percam ainda mais protagonismo, em função da junção com as outras áreas.

Alerta verde

Para o cofundador do portal InfoAmazonia e editor da Rainforest Investigations Network, especialistas em logística não têm o preparo necessário para participar da gestão de parques florestais, por exemplo.

Para o ecólogo e doutor em zoologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) João Giovanelli, a fusão do Meio Ambiente com outras áreas também não faz sentido.

A “supersecretaria” de Tarcísio também foi alvo de críticas da deputada estadual reeleita Marina Helou (Rede-SP), e do seu novo colega na Assembleia Legislativa de colega São Paulo Guilherme Corte (Psol).

Boiada em SP

Nesse sentido, ambientalistas já havia ligado o alerta sobre os riscos para a área no futuro governo. Isso porque Tarcísio nomeou para sua equipe de transição uma auxiliar do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Marta Giannichi foi ex-secretária da Amazônia e Serviços Ambientais de Salles, que teve sua gestão marcada pelo aumento expressivo do desmatamento. Ele ficou conhecido, em 2020, quando defendeu “passar a boiada” na legislação ambiental, enquanto as atenções estavam voltadas para a pandemia. O próprio nome de Salles chegou a ser cotado como secretário do colega de ministério eleito governador.