Mais um advogado desiste de defender Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro
Bernardo Fenelon é o segundo a deixar a defesa do tenente-coronel suspeito de participar de esquema de desvio e venda de joias e presentes oficiais recebidos pela Presidência. E também pela suposta adulteração de certificado de vacinação.
Publicado 13/08/2023 - 16h05
São Paulo – Preso desde 3 de maio, o ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, perdeu mais um advogado. Bernardo Fenelon é o segundo a deixar a defesa do tenente-coronel suspeito de participar de esquema de desvio e venda de joias e presentes oficiais recebidos pela Presidência. E também pela suposta adulteração de certificado de vacinação. O motivo seria a quebra de confiança.
Antes de Fenelon, o advogado de Cid foi o criminalista Rodrigo Roca, próximo da família Bolsonaro, que alegou razões de foro profissional para largar o caso. Ainda não há informações sobre quem assumirá a defesa do tenente-coronel. A saída do advogado ocorre vem após novas revelações sobre a participação do militar em esquema de desvio de joias no governo Bolsonaro.
O pai de Cid, general Mauro Lourena Cid, amigo de longa data de Bolsonaro, foi alvo de operação da Polícia Federal nesta sexta-feira. E também o advogado Frederick Wassef, que já defendeu a família Bolsonaro, e outro militar que assessorou o ex-presidente, Osmar Crivelatti. A ação é um desdobramento da investigação do desvio e a venda de joias recebidas por Bolsonaro durante seu mandato.
Segundo a PF, Mauro Cid vendeu dois relógios nos EUA por US$ 68 mil
Uma delas ocorreu em viagem aos Estados Unidos em junho dee 2022. Segundo a PF, foi quando Mauro Cid, que integrava comitiva presidencial, vendeu dois relógios de luxo por US$ 68 mil. O valor obtido com a transação foi depositado na conta de seu pai no exterior, o general Cid.
Segundo as investigações, houve nova tentativa de vender joias nos Estados Unidos após a derrota de Bolsonaro para Lula (PT), em 30 de dezembro de 2022. Na viagem foram transportadas joias que posteriormente foram colocadas à venda. A PF aponta que os recursos obtidos eram repassados a Bolsonaro em dinheiro vivo.
Mauro Cid também atuou para recuperar kit de joias árabes
Outro indício da participação do ex-presidente é o transporte das joias em viagens presidenciais em aviões da FAB – motivo pelo qual a PF pediu a quebra do sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro e o da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Após longo silêncio, a defesa do ex-presidente disse que o ex-presidente “jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos”. E que por isso coloca sua movimentação bancária à disposição das autoridades.
Além de envolvimento no suposto esquema de vendas, Mauro Cid também atuou na chamada “operação resgate”. Sigilosa, segundo a PF, para recuperar um kit de jóias dado pela Arábia Saudita e tentar ocultar a tentativa de venda do presente nos Estados Unidos. O kit foi devolvido em 4 de abril, mas não houve menção que as jóias estavam nos Estados Unidos.
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Redação: Cida de Oliveira, com Uol