Bolsonaro vê aliados próximos cada vez mais cercados por operações policiais
Ex-presidente viveu sua semana de inferno astral mais aguda desde que, em 30 de dezembro, deixou o país para viajar a Miami
Publicado 12/08/2023 - 12h08
São Paulo – Jair Bolsonaro viveu sua semana de inferno astral mais aguda desde que, em 30 de dezembro de 2022, deixou o país para viajar a Miami, usando o avião presidencial carregando malas com objetos que deveriam estar no acervo do Estado brasileiro, mas eram negociados em lojas nos Estados Unidos. O período cinzento culminou na “Operação Lucas 12:2“, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, quando a Polícia Federal descortinou o esquema envolvendo as joias que o ex-presidente ganhava em missões oficiais.
Numa antecipação da semana turbulenta, no dia 4, sexta-feira da semana passada, vieram à luz mensagens de e-mail do ex-ajudante de ordens Mauro Cid em que tentava negociar um relógio Rolex.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) afirmou então, à RBA, que o bolsonarismo estava se especializando em comércio clandestino de joias. Desde então, os fatos vieram se sucedendo para confirmar que os desmandos do clã que ocupou o Palácio do Planalto por quatro anos, com seus aliados, está cada vez mais envolvido por uma trama que não para de surpreender.
- Leia mais: Ação contra esquema de joias se inspira na Bíblia: ‘Nada há encoberto que não venha a ser revelado’
Confira os últimos episódios do inferno astral de Bolsonaro e do bolsonarismo:
- na segunda-feira (7), nas alegações finais apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação “exemplar” da primeira leva de 40 pessoas acusadas de participar dos atos golpistas de 8 de Janeiro. Esses réus fazem parte do grupo dos “executores” e respondem por cinco crimes. Cada um pode ser condenado a penas que, somadas, podem chegar a 30 anos de reclusão;
- na terça (8), o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, que era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no 8 de janeiro, dia do ataque terrorista a Brasília, depôs na CPMI dos atos golpistas. Chamou a atenção de todo o país a tornozeleira eletrônica que um dos mais importantes membros do governo Bolsonaro trazia em sua perna esquerda. Na oitiva, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) encurralou Torres e disse que sua alegação de que nada sabia da ameaça dos ataques a Brasília “não se sustenta”;
- o dia seguinte, quarta-feira (9), amanheceu com operação da Polícia Federal, autorizada por Moraes, que prendeu em Florianópolis o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, acusado de interferência no segundo turno das eleições de 2022, e outra peça-chave do governo Bolsonaro;
- por fim, a semana chegou ao fim com a operação contra o esquema de joias nesta sexta (11), envolvendo o ex-ajudante de ordens de Jair (Mauro Barbosa Cid), seu pai (o general Mauro César Lorena Cid), outro ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (tenente do Exército Osmar Crivelatti) e o advogado Frederick Wassef, defensor e íntimo do clã Bolsonaro.