Castelo de areia

Bolsonaro vê aliados próximos cada vez mais cercados por operações policiais

Ex-presidente viveu sua semana de inferno astral mais aguda desde que, em 30 de dezembro, deixou o país para viajar a Miami

Marcelo Camargo/ABr
Marcelo Camargo/ABr
Cenário para ex-presidente, aliados e seguidores é o pior desde que o mandato acabou no final de dezembro

São Paulo – Jair Bolsonaro viveu sua semana de inferno astral mais aguda desde que, em 30 de dezembro de 2022, deixou o país para viajar a Miami, usando o avião presidencial carregando malas com objetos que deveriam estar no acervo do Estado brasileiro, mas eram negociados em lojas nos Estados Unidos. O período cinzento culminou na “Operação Lucas 12:2“, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, quando a Polícia Federal descortinou o esquema envolvendo as joias que o ex-presidente ganhava em missões oficiais.

Numa antecipação da semana turbulenta, no dia 4, sexta-feira da semana passada, vieram à luz mensagens de e-mail do ex-ajudante de ordens Mauro Cid em que tentava negociar um relógio Rolex.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) afirmou então, à RBA, que o bolsonarismo estava se especializando em comércio clandestino de joias. Desde então, os fatos vieram se sucedendo para confirmar que os desmandos do clã que ocupou o Palácio do Planalto por quatro anos, com seus aliados, está cada vez mais envolvido por uma trama que não para de surpreender.

Confira os últimos episódios do inferno astral de Bolsonaro e do bolsonarismo:

  • na segunda-feira (7), nas alegações finais apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação “exemplar” da primeira leva de 40 pessoas acusadas de participar dos atos golpistas de 8 de Janeiro. Esses réus fazem parte do grupo dos “executores” e respondem por cinco crimes. Cada um  pode ser condenado a penas que, somadas, podem chegar a 30 anos de reclusão;
  • na terça (8), o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, que era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no 8 de janeiro, dia do ataque terrorista a Brasília, depôs na CPMI dos atos golpistas. Chamou a atenção de todo o país a tornozeleira eletrônica que um dos mais importantes membros do governo Bolsonaro trazia em sua perna esquerda. Na oitiva, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) encurralou Torres e disse que sua alegação de que nada sabia da ameaça dos ataques a Brasília “não se sustenta”;
  • o dia seguinte, quarta-feira (9), amanheceu com operação da Polícia Federal, autorizada por Moraes, que prendeu em Florianópolis o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, acusado de interferência no segundo turno das eleições de 2022, e outra peça-chave do governo Bolsonaro;
  • por fim, a semana chegou ao fim com a operação contra o esquema de joias nesta sexta (11), envolvendo o ex-ajudante de ordens de Jair (Mauro Barbosa Cid), seu pai (o general Mauro César Lorena Cid), outro ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (tenente do Exército Osmar Crivelatti) e o advogado Frederick Wassef, defensor e íntimo do clã Bolsonaro.