após o 8 de janeiro

Lula se reúne com comandantes das Forças Armadas em busca de pacificação

O ministro Rui Costa tem justificado o diálogo dizendo que governo quer aumentar os investimentos no Exército, na Marinha e na Aeronáutica

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Na quarta, Lula se reuniu com o ministro da Defesa e oficiais da Marinha e passou a tropa em revista

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne na tarde desta segunda-feira (20) com o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes das Forças Armadas: general Tomás Paiva (Exército), almirante Marcos Olsen (Marinha) e tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Damasceno (Aeronáutica).

A reunião tem significado político importante. O encontro é mais um passo na aproximação do presidente aos militares. A relação ficou abalada com a turbulência após a tentativa golpista de seguidores de Jair Bolsonaro culminada com os ataques de 8 de janeiro. Mas o distensionamento tem sido a tônica dos últimos encontros ou eventos.

Na quarta-feira (15), Lula se reuniu com Múcio e o comandante da Marinha, quando passou a tropa em revista. No dia seguinte, o tenente-brigadeiro Joseli Parente Camelo tomou posse na presidência do Superior Tribunal Militar (STM) fazendo um discurso pacificador. O objetivo é deixar para trás a politização das Forças Armadas patrocinada por Bolsonaro. O ex-presdidente construiu um discurso hostil à democracia com o objetivo de dividir os militares, o que em parte conseguiu.

Ao escolher José Múcio para o ministério da Defesa em dezembro, considerado um negociador e um nome palatável para a caserna, o presidente sinalizava essa intenção. Para Lula, apesar da divisão, o restabelecimento do papel constitucional das Forças Armadas é também caminho para resgatar-lhes a confiabilidade junto à sociedade.

Militar ou cidadão

Desse modo, novo presidente do STM é considerado uma ponte entre os militares e Lula. Na posse, ele demonstrou que também é um interlocutor em busca de pacificação. “Tenho convicção, presidente, que seu maior desafio será pacificar o Brasil”, disse Camelo, dirigindo-se a Lula. Em entrevistas recentes, como à GloboNews naquele dia, ele tem defendido que a Corte deve julgar crimes militares, relacionados às atividades na caserna, e não crimes cometidos por militares. Ou seja, separa o militar do cidadão comum.

Sua opinião sobre as punições de membros das Forças Amadas que participaram do ataque de 8 de janeiro deixa isso claro. “Se o militar esteve participando dessa baderna, desse vandalismo que aconteceu nos tribunais, no STF, no Congresso e no Palácio do Planalto, naturalmente esses militares estão cometendo um crime comum. É um crime contra o Poder Público. Pela Justiça comum, certamente deverão ser condenados”, afirmou, segundo o site Consultor Jurídico.

Investimentos

Desde janeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, tem despistado sobre o diálogo com os militares e afirmado que as reuniões têm o objetivo de discutir as propostas do governo de aumentar os investimentos nas Forças Armadas, incluindo a alternativa de Parcerias Público-Privadas (PPPs), o que em parte é verdade.

O debate passa pela reindustrialização do país, que depende do fortalecimento da indústria do petróleo., mas também do chamado conteúdo local. Ou seja, a política de valorização de matéria-prima e mão de obra brasileiras na construção de plataformas, navios, sondas e refinarias.

Há 10 dias, reunião do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin, com os petroleiros, teve no centro da agenda o “esforço” do ministério para criar um grupo de trabalho para debater a reconstrução da indústria naval, segundo a  Federação Única dos Petroleiros (FUP).


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