Conversa séria

Lula deve se reunir com comandantes militares junto de ministro da Defesa

Ministro Rui Costa, da Casa Civil anuncia agenda após reunião com chefes das Forças Armadas, organizada por José Múcio, da Defesa

Reprodução/Youtube
Reprodução/Youtube
"Não podemos permanecer com as instituições contaminadas”, disse ministro

São Paulo – O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA), afirmou nesta terça-feira (17) a jornalistas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se reunir – talvez ainda esta semana – com o ministro da Defesa, José Múcio, juntamente com os militares comandantes das Forças Armadas: Júlio Cesar de Arruda (Exército), Marcos Olsen (Marinha) e Marcelo Damasceno (Aeronáutica). A fala de Rui Costa se deu depois de almoço reunindo os chefes das três forças e Múcio, que organizou o almoço.

O chefe da Casa Civil procurou evitar, com os jornalistas, se aprofundar na abordagem das polêmicas relacionadas aos ataques aos palácios da Praça dos três poderes do dia 8, mas não se furtou a comentar a conjuntura.

Por que o mundo apoia Lula contra ala de militares golpistas e escalada extremista

O principal tema das discussões de hoje, despistou Costa, foi “a modernização” na Defesa. Mas sabe-se que a motivação é muito mais do que isso. É uma tentativa de aproximação e acontece dias depois de militares terem sido acusados – até mesmo por reportagem do jornal The Washington Post – de dificultar a prisão de golpistas envolvidos nos atos do dia 8. A própria cabeça de Múcio foi pedida por apoiadores de Lula.

“Instituições contaminadas”

Rui Costa adotou um discurso pacificador. “Não podemos permanecer com as instituições contaminadas”, disse, em alusão ao governo Bolsonaro. “Qualquer nação do mundo que quer se desenvolver tem que ter a democracia forte e instituições de Estado, não de governo”, continuou, em referência à modernização das Forças. Ele disse que para o país crescer “é preciso pensar projetos de Estado”.

Segundo Rui Costa, a promessa de investir nas Forças Armadas não é uma ação mitigadora em relação ao que aconteceu” (o dia 8). “Isso foi pensado antes dos ataques. Já vinha sendo planejado e já era uma determinação do presidente”, lembrou. “Não podemos misturar isso com eventuais comportamentos inadequados. Isso não será confundido pelo presidente Lula.”

Poder moderador: falácia bolsonarista

Na semana passada, Lula subiu o tom e disse que “as Forças Armadas sabem que seu papel está definido na Constituição”, e emendou: “As Forças Armadas não são poder moderador como pensam que são”. Esse papel “moderador” – reivindicada por golpistas – é uma falácia bolsonarista. Segundo ela, o artigo 142 da Constituição dá às Forças Armadas o caráter de um “poder moderador”. Isso não existe.

Nesta terça-feira, o Diário Oficial da União (DOU) publicou os nomes de 40 militares da Coordenação de Administração do Palácio da Alvorada dispensados. “A troca dos assessores que são cargos comissionados estão ocorrendo em todos os ministérios, independentemente se seja militar ou civil”, frisou o ministro.

Rui Costa comentou que a medida é natural em qualquer mudança de governo. “Não seria razoável manter os mesmos assessores do governo anterior. O regime de governo mudou, a filosofia mudou, então tem que mudar também quem estava implementando isso”, acrescentou.


Leia também


Últimas notícias