Forças Armadas

Novo comandante da Marinha assume; antecessor imita Bolsonaro e não vai à cerimônia

Novo chefe da Força naval, Marcos Sampaio Olsen discursou e agradeceu a Lula e também ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, pela nomeação

Reprodução-Youtube/Marinha/Agência Brasil
Reprodução-Youtube/Marinha/Agência Brasil
“Por feito da justiça expresso aqui notória gratidão ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva", disse Olsen

São Paulo – O almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen assumiu nesta quinta-feira (5) o comando da Marinha do Brasil sem que seu antecessor, Almir Garnier Santos, participasse da cerimônia de passagem. O gesto do agora ex-comandante é semelhante ao do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, que viajou para os Estados Unidos e não passou a faixa presidencial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último domingo (1º).

Como nas cerimônias de posse dos ministros civis, Olsen agradeceu ao presidente Lula pela nomeação. “Por feito da justiça expresso aqui notória gratidão ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, pelo apanágio ao me nomear comandante da Marinha”, afirmou. Agradeceu ainda à referência de Lula à “necessidade premente para prever o requerido espaço orçamentário para aumentar a capacidade e prontidão operacional da Marinha do Brasil”.

Para alívio do próprio ministro civil da Defesa, José Múcio, colocado no cargo justamente para pacificar as Forças Armadas, Olsen também dirigiu agradecimentos a ele, “pela honra e o agraciamento para indicação para o cargo, asseverando-lhe a minha lealdade, comprometimento, disponibilidade e diligência na condução da força naval para defesa dos interesses do Brasil no mar e hidrovias”.

Segundo relatos divulgados nos últimos dias, ao imitar o gesto de Bolsonaro, o almirante Garnier Santos quis deixar claro seu descontentamento com a volta de Lula ao poder. Ele apenas enviou mensagem dizendo que tem “total confiança que a leal e disciplina da Marinha de Tamandaré saberá engradecer todas as suas diretrizes em prol da soberania da nossa nação”.

Apenas simbolismo

O gesto de Garnier é apenas simbólico, já que o novo comandante, escolhido por Lula, já havia assumido interinamente em 31 de dezembro. A nomeação definitiva de Olsen foi publicada hoje no Diário Oficial da União.

Os novos comandantes da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno, e do Exército, Júlio César Arruda, também estiveram na cerimônia da Marinha, assim como o ministro Múcio. A exemplo do ex-comandante da Marinha, o ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, general Paulo Sérgio Nogueira, foi outro que não compareceu ao evento, embora tenha sido anunciado.

Instituições divididas

Se o ministro do ex-presidente faltou, por outro lado seu antecessor, Fernando Azevedo e Silva, que Bolsonaro demitiu em meio a uma crise militar, em março de 2021, prestigiou a cerimônia da Marinha, realizada no clube naval, em Brasília.

Com as ausências e presenças registradas, o evento parece ter incorporado a divisão reinante nas Forças Armadas, que, assim como outros organismos de Estado, Bolsonaro politizou e dividiu. A Polícia Federal é um deles. Uma das principais missões de seu novo diretor-geral, Andrei Passos Rodrigues, é tentar reunificar a corporação.

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